A presidente da Academia Portuguesa da História, Manuela Mendonça, realçou à agência Lusa, que José Marques, "além de distinto medievalista, foi catedrático da Universidade do Porto, e é uma figura de nível internacional, tendo ocupado o cargo de vice-Presidente do Comité Imternacional de Paleografia Latina" da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

José Marques nasceu a 12 de Agosto de 1937, em Roussas, no concelho de Melgaço, no Minho.

Estudou no seminário da Arquidiocese de Braga, tendo sido ordenado sacerdote em 1961, e colocado no Seminário Conciliar, onde esteve até 1970.

Em 1974, licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e prosseguiu os estudos de Bibliotecário-Arquivista, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo-se especializado como Bibliotecário-Arquivista.

Apresentou uma tese de doutoramento, em 1982, sobre "A Arquidiocese de Braga no século XV", na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde foi professor catedrático.

A sua Lição de Síntese foi sobre a "Assistência aos peregrinos no Norte de Portugal durante a Idade Média".

José Marques colaborou com as universidades de Coimbra, Açores, Católica Portuguesa, Fluminense de Niterói, no Brasil, e com a Universidade de Louvain-la-Neuve, na Bélgica.

Foi diretor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (1982-1985) e coordenador, de 1984 a 1998, da "Revista da Faculdade de Letras", nas séries de História, Filosofia e Línguas e Literaturas Modernas.

Membro, desde 1983, da Academia Portuguesa da História, foi vice-presidente do Instituto Galaico-Minhoto, do qual foi um dos fundadores em 1982.

Foi sócio-correspondente da Real Academia de la Historia de Madrid, das sociedades de Estudos Medievais, portuguesa, da qual foi sócio fundador, em 1985, e da espanhola, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Comission Internationalle de Diplomatique, tendo sido seu vice-presidente em 2008, e do Comité International de Paléographie Latine, da UNESCO, desde 1989.

A sua investigação científica foi, essencialmente, sobre o período da História Medieval Portuguesa, no quadro cronológico até ao século XV e no contexto geográfico da Arquidiocese de Braga (territórios do Minho e Trás-os-Montes).

Para a Academia Portguesa da História, "é uma enorme perda, pois tratava-se de um dos mais distintos Académicos de Número" da Academia, onde foi membro do Conselho Académico, entre 2006 e 2017, sendo, nos últimos três anos, vice-presidente.

"Deixou o cargo a seu pedido, pois tornava-se-lhe difícil a frequente deslocação desde Braga. Todavia, nunca deixou de participar nos trabalhos e enriquecer, com o seu muito saber, a História Medieval", disse Manuela Mendonça.

Em declarações à agência Lusa, o bispo-auxiliar de Braga, Nuno Almeida, disse que as exéquias, "sem data prevista", serão na catedral da cidade, "limitadas ao cabido e à família", devendo o funeral seguir para o cemitério municipal, "onde a família tem um jazigo".