Na carta aberta, o movimento independente de cidadãos ‘Q Sintra’ solicita ao presidente do ICNF, que tutela o Parque Natural de Sintra-Cascais (PNSC), empenho “para que se abra uma nova era” na instituição e “que, de uma vez por todas, o tão importante património que tem à sua guarda seja efetiva e eficazmente protegido”.

Por ocasião do aniversário da classificação da Área de Paisagem Protegida de Sintra-Cascais, a 15 de outubro de 1981, posteriormente reclassificada em Parque Natural, o movimento propõe ao ICNF que promova “uma discussão alargada sobre a visão e o plano que melhor possam servir os esforços de preservação da serra de Sintra”.

Esta discussão deverá assentar “num diálogo que junte as instâncias políticas a nível nacional e local”, os responsáveis do PNSC e da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML), os proprietários privados, especialistas e cidadãos.

Apesar do PNSC assumir como primeiro objetivo a ‘gestão racional dos recursos naturais e paisagísticos’, verifica-se que “a serra de Sintra sofre há décadas de um deficit de intervenção e gestão florestal ativa”, salienta o movimento.

Os resultados, acrescenta o ‘Q Sintra’, passam pela “proliferação de espécies invasoras, critérios discutíveis no abate de árvores e bosques dizimados por cortes irracionais, arvores caídas, grande acumulação de material lenhoso morto altamente combustível e caminhos florestais bloqueados por vegetação”.

“Falta uma estratégia, falta planeamento, falta acompanhamento, falta fiscalização”, frisa o documento.

Notando que o recente incêndio na zona da Peninha “foi a prova do nível de risco em que se encontra a serra”, quando o Governo já tinha sido alertado, em maio, por uma equipa de peritos da Comissão Europeia para a existência de “um risco estrutural ‘muito alto e extremo’ e uma extrema vulnerabilidade da área protegida”.

No documento alerta-se que, com exceção das áreas a cargo da Parques de Sintra-Monte da Lua, “há outras áreas públicas e vastas áreas privadas na serra de Sintra em estado de abandono e que assim continuarão se nada se fizer”.

“É preciso ter uma visão do que se quer para a serra de Sintra, uma estratégia adequada à preservação de uma paisagem classificada”, vinca o ‘Q Sintra’, defendendo a necessidade de “identificar os objetivos em termos de ocupação demográfica e de atividades económicas que viabilizem a exploração pública e privada e o ordenamento sustentável da floresta”.

O movimento de cidadãos, que se assume “em defesa de um sítio único”, com vista à preservação das características que justificaram a classificação da Paisagem Cultural de Sintra, como património mundial pela UNESCO, enviou a carta aberta ao ICNF, com conhecimento, entre outras entidades, à Presidência da República, Assembleia da República, Ministério do Ambiente e autarquias.