"Os desenhos exibidos, embora alguns sejam controversos, representam o ponto de vista dos seus criadores em relação ao apoio à causa palestiniana e ao falecido presidente Yasser Arafat", afirmou a administração do museu, em comunicado citado pela agência EFE.

O museu está localizado dentro do complexo Mukata, um antigo quartel da época do Mandato Britânico que, em 1996, se tornou a sede da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), liderada por Arafat até sua morte, em novembro de 2004, e onde se encontram os seus restos mortais.

"O museu também está muito interessado em preservar a imagem, a biografia e o legado de Yasser Arafat. A exposição não teve a intenção de ofender a sua personalidade e simbolismo, mas a arte da caricatura é polémica e criativa. No entanto, fizemos uma revisão a todos os desenhos e eliminámos todos aqueles que não receberam um consenso da opinião pública palestiniana", acrescentou o museu.

O primeiro-ministro, Mohamed Stayeh, esteve presente na inauguração daquela exposição de 35 desenhos sobre o povo palestiniano, no domingo, que incluía caricaturas de Arafat, que foram imediatamente alvo de críticas nas redes sociais, por mostrar o líder palestiniano com as feições distorcidas, com a boca e o nariz muito grandes.

Em resposta, os apoiantes de Arafat partilharam nas redes sociais uma conhecida fotografia do líder palestiniano a sorrir, com um lenço típico na cabeça (kufiya), com a legenda “este é o ícone que conhecemos".

Alguns militantes do Movimento de Libertação Nacional da Palestina (Fatah), partido fundado por Arafat e que ainda controla a ANP, exigiram uma investigação para perceber como pôde ser autorizada a exposição daquelas caricaturas.

O ex-ministro da Cultura, Ihab Bseiso, da ANP e membro do conselho da Fundação Yasser Arafat, que administra o museu, considerou, também numa publicação nas redes sociais, que a exposição era “absurda”.

Por sua vez, o ex-diretor da fundação e sobrinho de Yasser Arafat, Naser al Kidwa, destacou que o legado do seu tio tinha sido “atacado pelos atuais administradores do museu”.

"Infelizmente, o legado e a biografia de Yasser Arafat não são seguros", disse Kidwa, que foi demitido da fundação no ano passado, quando anunciou o seu apoio a um candidato que não pertencia ao Fatah, nas eleições de maio de 2020 , que foram canceladas.