“Exigimos que entreguem a espingarda que assassinou Abu Akleh”, disse, segundo a agência Europa Press, o responsável da Autoridade Palestiniana, numa cerimónia de evocação da morte da jornalista, ocorrida há 40 dias.

Israel admitiu a possibilidade de que a jornalista tenha morrido devido a um disparo efetuado pelos seus próprios militares, mas mantém que é impossível tirar conclusões, dado que não pode examinar a bala que matou a repórter, que está sob alçada dos serviços forenses palestinianos.

Funcionários militares israelitas identificaram, segundo o jornal Times of Israel, uma espingarda de assalto que poderá ter disparado o projétil que matou Abu Akleh, mas essa confirmação requeriria um análise balística, para comparar a arma com a bala.

O primeiro-ministro palestiniano reiterou que não tem intenção nem de entregar a bala, nem fazer uma investigação conjunta com Israel.

“Recusamos uma investigação conjunta, porque se esta gente inventou a história de um povo para roubar a nossa terra e a nossa pátria, também podem inventar uma narrativa aqui. Não confiamos neles”, disse o governante.

O vice-presidente da Fatah (partido no poder na Cisjordânia), Mahmoud Aloul, também defendeu que “as investigações criminais palestinianas foram transparentes e profissionais, levadas a cabo pelo Ministério Público e revelaram a verdade”, segundo declarações recolhidas pela agência palestina Wafa.

Shireen Abu Akleh era uma jornalista da estação televisiva Al Jazeera, que foi abatida na cabeça em 11 de maio por um disparo de precisão quando efetuava uma reportagem em Jenin, na Cisjordânia ocupada, no decurso de uma incursão militar israelita.

O assassinato de Shireen Abu Akleh motivou uma forte reação no mundo árabe e em diversas capitais mundiais, com a indignação a aumentar quando as forças israelitas lançaram granadas lacrimogéneas e carregaram sobre os homens que transportavam o caixão no funeral da jornalista.

Na semana passada, a Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) entregou no Tribunal Penal Internacional (TPI) o resultado das suas investigações sobre a morte da jornalista de origem palestiniana e norte-americana, de 51 anos, e muito respeitada pelo seu trabalho nos territórios ocupados por Israel.

Segundo o procurador palestiniano, foi “deliberadamente” assassinada por soldados israelitas, que a atingiram na face, apesar de estar perfeitamente identificada como jornalista e transportar colete à prova de bala e capacete.

Israel continua a argumentar não possuir “informação concludente” para estabelecer quem a matou.