Em declarações à CNN, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, recorda Paula Rego como "uma grande contadora de histórias através da pintura" e destaca-a como "a mais reconhecida das artistas plásticas portuguesas", cujo contributo foi "notável" e alvo de "enorme reconhecimento público".

O ministro da Cultura confirmou ainda que o Governo vai decretar luto nacional pela morte da artista plástica, "com isso reconhecendo o papel e a centralidade de Paula Rego para a cultura portuguesa, internacional e universal", disse Pedro Adão e Silva.

Paula Rego tinha "uma pintura que nos interpelava, de certa forma de intervenção, designadamente sobre o papel da mulher", nota o ministro.

Adão e Silva destaca "as personagens do assombro, [uma pintura] sobre os sonhos, pesadelos, sobre o obscuro, sobre o que temos dificuldade em encarar e que nos confrontava com essa realidade. Havia até uma violência simbólica na pintura de Paula Rego que não deixava ninguém indiferente".

A pintura da artista era também de intervenção, diz o ministro, na medida em que tinha quase um "excesso de realidade, nas suas dimensões mais sombrias, e isso é uma forma de compromisso político e social. As pinturas que estamos a ver agora não são abstrações, não são desligadas de realidades concretas, de experiências materiais de vida, e nesse sentido é pintura de intervenção".

A pintora Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu na manhã de hoje em Londres, aos 87 anos, disse à agência Lusa fonte próxima da família.

De acordo com o galerista Rui Brito, a artista "morreu calmamente em casa, junto dos filhos".

Paula Rego estudou nos anos 1960 na Slade School of Art, em Londres, onde se radicou definitivamente a partir da década de 1970, mas com visitas regulares a Portugal, onde, em 2009, foi inaugurado um museu que acolhe parte da sua obra, a Casa das Histórias, em Cascais.

Nascida a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, foi galardoada, entre outros, com o Prémio Turner em 1989, e o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso em 2013, além de ter sido distinguida com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 2004. Em 2010, recebeu da Rainha Isabel II a Ordem do Império Britânico com o grau de Oficial, pela sua contribuição para as artes.

Em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Governo de Portugal.