Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a desaceleração do decréscimo populacional em 2018 resultou da melhoria do saldo migratório (de 4.886 pessoas em 2017 para 11.570 pessoas em 2018), já que o saldo natural negativo agravou-se (de -23.432 pessoas em 2017 para -25.980 em 2018).

10.276.617 pessoas viviam em Portugal no final de 2018, segundo as estimativas do INE, que avançou com outros dados de caracterização da população residente, a começar pelo envelhecimento da população, mantendo-se as tendências de redução da população e de envelhecimento demográfico.

Envelhecimento

Os dados do INE indicam que o envelhecimento demográfico em Portugal continua a acentuar-se pois, quando comparada com 2017, a população com menos de 15 anos diminuiu para 1.407.566 (menos 16.330 pessoas) e a população com idade igual ou superior a 65 anos aumentou para 2.244.225 pessoas (mais 30.951).

Na população total, os jovens com menos de 15 anos representam 13,7% e a população com idade igual ou superior a 65 anos 21,8%. A população mais idosa (idade igual ou superior a 85 anos) aumentou para 310.274 pessoas (mais 12.736), indicam os dados divulgados hoje.

O índice de envelhecimento, que compara a população com 65 e mais anos (população idosa) com a população dos 0 aos 14 anos (população jovem) continuou a aumentar, segundo o INE. Desde 2000 que o número de idosos é superior ao de jovens. Em 2008, por cada 100 jovens residiam em Portugal 116,4 idosos, número que aumentou para 159,4 em 2018.

O INE refere ainda que o índice de dependência total, que corresponde ao número de jovens e idosos por cada 100 pessoas dos 15 aos 64 anos, continua a aumentar, acentuando a pressão demográfica sobre a população em idade ativa. Em 2008, por cada 100 pessoas em idade ativa residiam em Portugal 50,2 jovens e idosos, número que aumentou para 55,1 em 2018.

O INE aponta ainda para o envelhecimento da população em idade ativa, comprovado com a diminuição do índice de renovação da população em idade ativa, que corresponde ao número de pessoas dos 20 aos 29 anos por cada 100 pessoas dos 55 aos 64 anos.

Em 2008, por cada 100 pessoas dos 55 aos 64 anos, existiam 105,1 pessoas dos 20 aos 29 anos, número que baixou para 77,7 em 2018.

“Desde 2010, o número de pessoas em idade potencial de saída do mercado de trabalho não é compensado pelo número de pessoas em idade potencial de entrada no mercado de trabalho, com o índice a assumir sistematicamente valores inferiores a 100”, sublinha o INE.

Em 2018, uma em cada duas pessoas residentes em Portugal tinha acima de 45,2 anos, o que representa um acréscimo de 4,4 anos em relação a 2008.

Em 2017, ano mais recente para o qual existem dados comparáveis disponibilizados pelo Eurostat, Portugal tinha a terceira idade mediana mais elevada da União Europeia (UE 28), situada em 44,8 anos, ficando abaixo apenas da Itália (46,3) e da Alemanha (46,0).

Portugal foi também o país, conjuntamente com a Espanha, em que a idade mediana aumentou mais na última década (4,4 anos), indica o INE.

No ano de 2017, a idade mediana da população residente na UE 28 foi de 43,1 anos. Entre os Estados-Membros, a idade mediana variou entre 37,3 anos na Irlanda e 46,3 anos em Itália.

O INE indica ainda que, no futuro, mantêm-se as tendências de redução da população e de envelhecimento demográfico e que Portugal poderá perder população até 2080, passando dos atuais 10,3 milhões para 7,9 milhões de residentes, ficando abaixo dos 10 milhões em 2033.

A população jovem poderá ficar abaixo do limiar de 1,4 milhões já em 2019 (1.393.513) e do limiar de 1 milhão em 2074 (995.647). O número de idosos passará de 2,2 em 2018 para 2,8 milhões em 2080.

Imigração e emigração permanente

A imigração permanente em Portugal aumentou no ano passado, segundo o INE, que diz que foram registados 43.170 imigrantes, enquanto a emigração permanente baixou para 31.600 pessoas.

Os dados do INE indicam ainda que o número de emigrantes temporários (50.154) continuou a ser superior ao de emigrantes permanentes (31.600), aumentando 1,7% relativamente a 2017 (quando foi de 49.298).

Nascimentos

O número de nados-vivos de mães residentes em Portugal aumentou 1,0% no ano passado (de 86.154 em 2017 para 87.020 em 2018), mas o acréscimo do número de óbitos de residentes em Portugal foi superior, atingindo os 3,0% (de 109.758 em 2017 para 113.000 em 2018), o que agravou o saldo natural negativo.

O INE indica também que o número médio de filhos atingiu 1,41 por mulher em idade fértil em 2018, um ano em que a idade média das mulheres ao nascimento de um filho foi de 31,4 anos, mais 1,8 anos do que 10 anos antes.

Já a idade média das mulheres ao nascimento do primeiro filho foi de 29,8 anos no ano passado, mais 2,1 anos relativamente a 2008.

Homens e mulheres

Os dados do INE mostram ainda que a população masculina residente em Portugal foi estimada em 4.852.366 e a população feminina em 5.424.251.

“A relação de masculinidade foi de 89,5 homens por 100 mulheres, refletindo um maior desequilíbrio entre os volumes populacionais dos dois sexos, por comparação com 2008, ano em que esta relação era de 92,2 homens por 100 mulheres”, refere o instituto.

O INE acrescenta ainda que o número de homens foi superior ao de mulheres em idades mais jovens (0 aos 14 anos), principalmente devido à relação de masculinidade à nascença favorável aos homens.

Acima dos 65 anos, o número de homens é significativamente inferior ao de mulheres, “em resultado da maior mortalidade na população masculina”, acrescenta o INE, explicando que, no grupo etário dos 65 aos 79 anos, existiam no ano passado 79,3 homens por 100 mulheres e, no grupo etário dos 80 e mais anos, esse valor foi de 55,8.

No entanto, lembra, nos grupos etários acima dos 65 anos, a diferença entre os sexos está a diminuir: "há dez anos, para cada 100 mulheres dos 65 aos 79 anos existiam 77,3 homens e no grupo etário dos 80 e mais anos existiam 54,1 homens”.

(Notícia atualizada às 13:29)