Em comunicado enviado às redações, o Portal da Queixa informa que recebeu 1377 reclamações relativas a esquemas de burla e fraude no primeiro trimestre de 2020, representando um aumento de 34% face a 2019, onde foram registadas apenas 1024 reclamações.

Em particular desde o início do Estado de Emergência, decretado a 19 de março, registaram-se 356 reclamações enquadradas em burlas e fraudes, um ritmo de 16 queixas por dia.

"As queixas mais apresentadas são por fraudes que se verificam através de pagamentos online, esquemas fraudulentos através de SMS, roubos de identidade e dados pessoais, lojas online fictícias, phishing e outros tipos de cibercrimes", descreve o Portal da Queixa.

Estas são as 5 principais burlas que estão a ser praticadas:

1) Roubo de dinheiro através da aplicação MB WAY

Os números do Portal da Queixa apontam para um aumento destes casos, na ordem dos 391%, face aos primeiros três meses do ano passado. Assim, até março, foram registados na plataforma 118 casos.

Neste caso, "o potencial comprador - que é o alegado criminoso - convence a vítima (interessada no produto à venda), que apenas o pode pagar por MB WAY. No seguimento, convida-a a ir uma caixa Multibanco e a colocar o seu cartão bancário, acedendo ao registo na aplicação MB WAY. Nesse momento, o criminoso consegue de forma ardilosa que a vítima coloque o número de telefone do alegado burlão, como titular do acesso à conta, permitindo assim que este levante de imediato de montantes em dinheiro. De seguida, o criminoso desliga o telefone, deixando a vítima sem dinheiro na conta".

Salienta o Portal da Queixa que "a solução de pagamento MB WAY da SIBS é extremamente segura e com uma enorme aplicabilidade no dia-a-dia dos consumidores", mas que "muitos consumidores ainda não têm o conhecimento suficiente acerca da forma correta de utilização desta aplicação, sendo por isso frequentemente alvo de burla no processo de venda de objetos entre particulares".

2) Mensagens de texto (SMS) e emails fraudulentos em nome dos CTT

Recebeu um email dos CTT para pagar uma taxa sobre uma encomenda? Atenção, pode estar a ser alvo de um esquema de burla.

Denuncia o Portal da Queixa que "têm sido vários os consumidores que, nos últimos dias, receberam um e-mail ou uma SMS em nome dos CTT, com falsos conteúdos para efetuarem o pagamento de uma taxa, no sentido de desbloquear a encomenda de um equipamento telefónico de última geração, que aguarda na alfândega".

Ora, o valor proposto pelo equipamento é "muito inferior" ao que seria expectável e é ainda sinalizado ao consumidor que, "por apenas um 1€", pode receber aquela "fantástica oferta". No entanto, o verdadeiro objetivo é reencaminhar o utilizador para um site onde este irá inserir os seus dados bancários, que serão depois recolhidos e utilizados indevidamente pelo burlão para ter acesso às suas contas, através do conhecido processo de phishing.

3) Mensagens de texto (SMS) e e-mails fraudulentos para pagamento imediato de dívida com a EDP ou a MEO

Neste caso têm sido relatados casos de consumidores que são "aliciados ao pagamento de uma dívida inexistente, tanto ao fornecedor de eletricidade ou de telecomunicações, com um prazo muito reduzido -  'nas próximas horas' -, sob pena de ser efetuado o corte do serviço".

Normalmente este tipo de avisos fradulentos são enviados ao final do dia, com vista a que o consumidor (que é neste caso a vítima) não tenha a possibilidade de contacto com o prestador do serviço e assim efetue o pagamento, com receio do prometido corte.

O Portal da Queixa deixa algumas dicas neste caso: "É importante que os consumidores não efetuem nenhum pagamento que não seja enviado diretamente pelo fornecedor do serviço. Para avaliar a fiabilidade do remetente, os consumidores devem estar atentos a sinais como o e-mail usado para o envio, a forma de escrita, se não contém erros ou traduções com erros gramaticais, a forma de pagamento, mesmo que por referência bancária, deve sempre pesquisá-la no Google para despistar a burla através da opinião de alerta de outros consumidores. Em caso de dúvida, não pague e remeta a queixa para as autoridades policiais".

4) Envio de mensagens de texto (SMS) com passatempos fraudulentos em nome da Worten ou do Continente

Recebeu a notícia de que é "vencedor(a) de um passatempo/sorteio e ganhou um prémio"? Desconfie. A fórmula "é antiga, mas continua a ser utilizada com bastante frequência junto dos consumidores portugueses", alerta o Portal da Queixa.

"O objetivo é levar a vítima a pensar que foi vencedora de um sorteio e que para recolher o prémio basta clicar numa ligação que a levará para o preenchimento de um formulário. Ora, este formulário servirá para roubar dados pessoais e bancários, como também efetua a subscrição para o recebimento de SMS’s de valor acrescentado com um custo a rondar os 5€ semanais e serem debitados do saldo de telecomunicações da vítima".

De referir que tanto a Worten como o Continente já alertaram, no devido tempo, que não efetuam sorteios e/ou passatempos nestes moldes e aconselham sempre os consumidores a consultarem os sites e redes sociais das marcas, por forma a validarem os passatempos que estarão a decorrer.

É ainda aconselhado pelo Portal da Queixa que não se "efetue o preenchimento de dados em sites que não se conhece". No caso de desconfiar da fonte, "deve sempre abandonar o site e efetuar queixa nas autoridades policiais".

5) Venda de equipamentos de proteção individual para o combate à Covid-19

Devido à escassez de produtos como máscaras de proteção nas farmácias e supermercados e ao elevado aumento do preço destes produtos, são muitos os consumidores que se arriscam a comprar pela internet.

Avisa o portal da queixa que "não é aconselhável a compra destes produtos em sites que não apresentem as mínimas garantias de idoneidade na entrega e no preço praticado. Exemplo disso, são sites estrangeiros que vendem, não só, máscaras de proteção, como gel desinfetante e medicamentos que combatem o vírus. Este tipo de endereços online são totalmente desaconselhados e devem ser denunciados às autoridades nacionais e europeias pela gravidade da prática criminal que praticam".

E há alguns sinais de alerta a que pode estar atento, nomeadamente "a falta de certificado de segurança dos sites (vulgo cadeado verde que se encontra na barra de endereço do navegador de internet)". Pode ainda "procurar por contactos reais como telefone e morada física da empresa vendedora (de forma a poder identificar caso seja necessário) e, principalmente, efetuar uma pesquisa exaustiva nos motores busca e no Portal da Queixa, na tentativa de encontrar testemunhos de outro consumidores, com vista a validar a idoneidade do site em causa".