“Eu acho que o 25 de abril, com tudo aquilo que aconteceu a seguir, nomeadamente o PREC com determinadas medidas que tiveram efeito terrível na economia portuguesa e que ainda hoje produzem alguns efeitos negativos, apesar de tudo, valeu a pena”, afirmou.

Ramalho Eanes discursava em Fafe, no distrito de Braga, numa iniciativa da câmara municipal, que convidou todos os presidentes da República eleitos após o 25 de Abril para, ao longo das próximas semanas, refletirem sobre os 48 anos posteriores à “revolução dos cravos”.

Para o antigo chefe do Estado, a revolução de 1974 permitiu aos “portugueses encontrarem dignidade, liberdade e, para o bem e para o mal, tornarem-se senhores do seu destino e do seu país”.

À entrada da sessão, que se realizou no teatro -cinema daquela cidade, em declarações aos jornalistas, Eanes sublinhou a importância destas iniciativas de reflexão sobre o percurso do país nas últimas décadas, em democracia.

“É uma volta ao passado para aprendermos com o passado. Aprendermos o que fizemos bem, o que não fizemos e devíamos ter feito e o que fizemos mal, refletirmos, de uma vez por todas, aquilo que já devíamos ter refletido logo após a instauração da democracia”, referiu.

Para o primeiro Presidente da República eleito após o 25 de Abril de 1974, se o país tivesse “feito isso”, todos em conjunto, possivelmente hoje estaria melhor do que está.

Ramalho Eanes sublinhou que “muito [do que se fez] se fez devido ao 25 de abril, mas muito e importante está por fazer”.

“E isso é evidente quando se olha para a nossa dívida, para a nossa economia e para os nossos problemas graves de evolução social”, concluiu.

Ramalho Eanes com dúvidas sobre a “importância da regionalização nesta altura”

“Essa questão vem agora à baila e eu tenho refletido sobre ela. Tenho grandes dúvidas sobre a importância de uma regionalização nesta altura. Entendo que há que mobilizar o país e não dividi-lo”, afirmou o antigo Chefe do Estado.

Discursando perante cerca de 300 pessoas que enchiam o teatro-cinema daquela cidade, Eanes recordou que até defendeu a regionalização quando, em 1998, se realizou um referendo, apesar de os políticos, observou, terem apresentado “um modelo regionalização que não lembrava ao diabo mais pequeno”.

O antigo Presidente da República defendeu, depois, que o país deve unir-se para “resolver os problemas que são imediatos, que exigem uma resposta, porque o mundo está em convulsão, as crises passaram a ser frequentes e os meios financeiros são fracos”.

Para Ramalho Eanes, a regionalização “é uma questão que não deve ser discutida levianamente”.

“Deve ser discutida entre os partidos e entre a sociedade, depois de a sociedade ter um estudo dos custos e benefícios da regionalização e só depois decidir. Eu, nesta altura, não tenho posição, não disponho de dados de análise suficiente para emitir uma opinião”, reforçou.

Defendeu, ainda, que a Constituição, que prevê a regionalização, é “um instrumento que uma determinada geração queria, mas que as gerações futuras podem modificar”.

“Aquilo [Constituição] não é uma armadura, aquilo é apenas uma indicação da vontade dos portugueses através dos seus representantes, numa altura especial”, sinalizou.

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