Segundo João Gaspar, responsável das Servidões e Património REN, a reconversão das faixas de proteção pretende terminar com o “ciclo” constante dos cortes de vegetação, que todos os anos volta a crescer e “não cria valor para ninguém, pelo que pretendemos inverter essa lógica”.

“Queremos dar segurança às nossas infraestruturas e tornar os territórios mais resilientes aos incêndios florestais, ao mesmo tempo que promovemos a criação de valor para os proprietários e a proteção da biodiversidade”, salientou o responsável.

De acordo com João Gaspar, o projeto em curso de “Gestão de vegetação nas faixas de servidão” pretende “arranjar metodologias de uso do solo que alonguem os ciclos de intervenção [dos cortes], criando culturas ou métodos alternativos que criem valor para os proprietários e para a floresta”.

“Se criarmos valor, os proprietários tomam conta destes espaços na perspetiva de criar valor, tornando-se parceiros que nos ajudam diariamente e criam mais valor associado à gestão florestal”, sublinhou.

Nos últimos anos, acrescentou, a REN tem apostado muito no medronheiro, porque é uma espécie autóctone, que existe essencialmente em Portugal e se enquadra nos objetivos do projeto.

Entre 2014 e 2019, a empresa de transporte de energia plantou mais de 500 hectares de medronho porque, segundo João Gaspar, se chegou à conclusão que aquela árvore “é a espécie que melhor se adapta nesta finalidade, já que necessita de gestão e dá rendimento”.

“Ao necessitar de gestão faz com que as pessoas limpem o terreno e cuidem das árvores, numa perspetiva de rendimento anual”, explicou o responsável, salientando que o projeto em curso “é implementado em estreita parceria com mais de 70 mil proprietários dos terrenos”.

O passo seguinte passa por informar os proprietários sobre a cultura do medronho, “de como é que o devem tratar, e talvez transformá-los em produtores ou promover acordos com estes proprietários para cederem a gestão”.

O responsável das Servidões e Património REN salientou ainda que a cadeia de valor só termina na fileira da transformação do medronho em aguardente ou em compotas.

Na Linha Penela-Tábua, no distrito de Coimbra, a REN já plantou 46 mil árvores desde os incêndios de 2017.

Na próxima sexta-feira, numa ação de reflorestação na zona do Paião, concelho da Figueira da Foz, vão ser plantadas 2.000 árvores, numa iniciativa que envolve as crianças da comunidade escolar local.

No próximo ano, a empresa prevê concluir um projeto de plantação em 100 hectares em Ferreira do Zêzere, no distrito de Santarém, em duas linhas paralelas de muita alta tensão.

O projeto de “Gestão de vegetação nas faixas de servidão” da REN foi hoje apresentado na Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, como um caso de estudo de gestão sustentável da floresta pelo Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.

A REN ocupa cerca de 35 mil hectares de faixas de servidão e cerca de 60% destes corredores estão na floresta.

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