"Os nossos parceiros americanos anunciaram a suspensão da sua participação no acordo, então nós também a suspenderemos", afirmou Putin, citado por agências de notícia russas, durante um encontro com os ministros das Relações Exteriores e da Defesa, Serguei Lavrov e Serguei Shoigu.

"A Rússia não mais tomará a iniciativa de negociar o desarmamento com os Estados Unidos", disse o chefe de Estado. "Vamos esperar até que os nossos parceiros (americanos) tenham amadurecido o suficiente para ter um diálogo de igual para igual e significativo sobre este assunto importante", acrescentou.

Putin disse que os EUA estão, há anos, a ignorar as iniciativas russas de desarmamento e "o tempo todo à procura de pretextos para desmantelar o sistema de segurança existente".

Ao mesmo tempo, Putin negou que a Rússia pretenda agora participar numa nova corrida armamentista com Washington. "Não devemos nem vamos deixar-nos arrastar para uma cara corrida armamentista", disse.

Pelo seu lado, Lavrov disse que Moscovo "tentou fazer todo o possível para salvar o tratado INF [Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty, em inglês], tendo em conta a sua importância para a segurança estratégica na Europa e no mundo".

Enquanto isso, o chefe da Defesa disse que os EUA "anda há anos a infringir o tratado" de desarmamento acordado durante a Guerra Fria.

Os Estados Unidos da América anunciaram ontem que iriam suspender a sua participação no tratado INF (Intermediate-range Nuclear Forces Treaty - Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio), o acordo de desarmamento que têm com a Rússia.

Os EUA deram à Rússia até hoje para cumprir o INF de maneira "verificável", um ultimato que foi rejeitado pelas autoridades deste país, que acusou Washington de aumentar o risco de uma guerra nuclear no mundo ao abandonar os principais tratados de desarmamento para a segurança internacional.

O tratado INF foi assinado em Washington entre os EUA e a União Soviética, em 1987, e entrou em vigor em 1988, estipulando a eliminação de todos os mísseis convencionais e nucleares com alcance entre 500 e 5.000 quilómetros.

A decisão dos EUA era aguardada desde outubro de 2018, quando Donald Trump, ameaçou romper o tratado de controlo de mísseis de médio alcance, se a Rússia não destruísse o míssil Novator – que, segundo a NATO, viola o acordo de desarmamento nuclear.

Este tratado é considerado uma pedra angular no controlo de uma nova corrida às armas nucleares e o seu abandono constituiu uma ameaça que preocupa várias organizações internacionais.

O secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo confirmou que os EUA suspendem as suas obrigações com o tratado, assinado em 1987, depois de, em comunicado, o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter acusado a Rússia de o ter violado "por tempo demais (...) com impunidade, desenvolvendo secretamente e colocando em campo um sistema de mísseis proibidos, que representa uma ameaça direta aos nossos aliados e aos nossos militares no estrangeiro".

Donald Trump afirmou que os EUA "aderiram totalmente" ao pacto por mais de 30 anos, mas que não podem continuar limitados aos seus termos enquanto a Rússia deturpa os seus termos.

O chefe da diplomacia norte-americana assegurou, contudo, que Washington estava "pronto" para continuar a discutir com a Rússia "o assunto do desarmamento".

No início de dezembro, com o apoio da Nato, Mike Pompeo tinha dado à Rússia 60 dias para desmantelar os seus novos mísseis de longo alcance, violando o tratado aos olhos dos norte-americanos e da Aliança Atlântica. Caso a Rússia recusasse, Pompeo tinha ameaçado iniciar a retirada dos EUA do tratado, procedimento que se estende por seis meses.

*Com agências

(Notícia atualizada às 12h48)

 

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