“Posso dizer com segurança que as nossas operações vão continuar. A nossa equipa vai continuar com as escolas. Vamos procurar outros parceiros e caminhos para assegurar que a nossa missão seja cumprida”, declarou Krähenbühl, numa conferência de imprensa por ocasião da inauguração de uma escola para refugiados palestinianos na Jordânia.

No passado dia 24 de agosto, a administração norte-americana anunciou o cancelamento de mais de 200 milhões de dólares (mais de 172 milhões de euros) de ajuda aos palestinianos na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.

“A pedido do Presidente, (Donald Trump) vamos redirecionar mais de 200 milhões de dólares inicialmente previstos para programas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Esses fundos irão agora para programas altamente prioritários em outro lugar”, declarou então um alto responsável do Departamento de Estado norte-americano.

Na Jordânia, Pierre Krähenbühl fez um apelo a todos os países para que aumentem a sua ajuda e revelou que nos últimos dois dias, depois de Washington ter anunciado o fim da ajuda, foi registado um “grande aumento” das doações privadas através do ‘site’ da organização.

O representante reconheceu que a falta de fundos forçou despedimentos dentro da equipa da agência e que também gerou preocupação entre os refugiados.

O comissário-geral assegurou que aquela agência da ONU reduziu custos desde o início do ano, altura em que os Estados Unidos anunciaram uma redução drástica nas doações, passando de 360 milhões de dólares (310 milhões de euros) para 60 milhões de dólares (51 milhões de euros).

Por causa dessa redução, segundo Krähenbühl, foram despedidos 116 funcionários em Gaza.

O representante afirmou ainda acreditar que a decisão dos Estados Unidos não está relacionada com o desempenho da organização, mas sim com “motivos políticos”.

O responsável rejeitou as alegações de Washington sobre corrupção e falta de disciplina financeira daquela entidade, observando que a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos é “uma das organizações humanitárias mais escrutinadas”.

“Não é a primeira vez que vejo Estados-membros a instrumentalizar a ação humanitária ou a criticá-la por algo que os atores humanitários não são responsáveis”, prosseguiu.

Também rejeitou as reivindicações dos Estados Unidos de rever a definição ou o número de refugiados palestinianos, uma atribuição da responsabilidade da Assembleia-geral da ONU.

A decisão norte-americana foi lamentada e condenada por vários atores internacionais, incluindo a União Europeia (UE) e a Liga Árabe.