O crime ocorreu na manhã do dia 10 de agosto de 2016, junto ao terminal TIR-TIF, na Gafanha da Nazaré, em Ílhavo, onde o arguido e a vítima se encontravam ocasionalmente para terem relações sexuais.

"Foi um autêntico filme de terror. Ela pegou numa faca de cortar fruta e disse-me para sair de cima dela. Quando lhe tirei a faca da mão, espetei-a no corpo dela sem querer. Só dei por ela, quando vi que ela estava a deitar sangue", disse o arguido, que falava na primeira sessão do julgamento.

O sexagenário, que está acusado de um crime de homicídio e outro de profanação de cadáver, negou ainda ter apertado o pescoço à mulher para a asfixiar, como refere a acusação do Ministério Público (MP).

Após a agressão fatal, o arguido saiu do carro, atirou a faca para longe e vestiu a mulher para a levar ao Hospital.

"Tentei socorrê-la, mas quando cheguei à rotunda, ela já não respirava. Fiquei apavorado", disse o arguido, adiantando que seguiu na viatura da vítima para a sua casa, em Cacia.

O homicida admitiu ainda que lhe passou pela cabeça incendiar o carro da vítima, mas não teve coragem para o fazer, e afirmou que nunca pensou em desfazer-se do corpo.

Contou ainda que no dia seguinte ao crime, de manhã, fez uma mala com roupa, porque sabia que ia ser preso. "Estava à espera da minha filha para lhe entregar a chave, porque ia entregar-me à GNR, mas entretanto apareceu a Polícia Judiciária (PJ)", disse.

Segundo a acusação do MP, o arguido teve uma relação amorosa com a vítima durante alguns anos e, após a separação, mantinha por aquela sentimentos de "obsessão e posse, procurando controlar todos os aspetos da vida dela".

No fatídico dia, o arguido encontrou-se com a vítima para apanhar bivalves e tentou convencê-la a manter relações sexuais, mas aquela recusou.

O arguido terá então pegado numa faca de cozinha que estava no interior da viatura e, "num acesso de fúria e ciúme", atingiu a mulher com um golpe no peito e ainda lhe apertou o pescoço.

Segundo a investigação, o homicida conduziu depois a viatura da vítima, com o corpo da mesma, até à sua habitação, onde veio a ser encontrado no dia seguinte pela PJ com as pernas e os braços amarrados com cordas.

A acusação refere ainda que o sexagenário deslocou-se a um posto de abastecimento de combustíveis para encher um recipiente com gasolina para incendiar o veículo e o cadáver, o que não chegou a acontecer.

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