O tenente-general Martins Pereira, ex-chefe de gabinete do ministro da Defesa Azeredo Lopes, já terá feito chegar ao DCIAP a documentação sobre a operação da Polícia Judiciária Militar (PJM) na recuperação do material roubado em Tancos.
Segundo adiantou à estação pública, a "documentação verdadeira foi entregue hoje no início da tarde, no DCIAP, pelos serviços do meu advogado".
A RTP refere que o ex-chefe de gabinete do ministro Azeredo Lopes, até ao momento, se tinha limitado a afirmar que no "encontro com os antigos elementos da PJM" não tinha vislumbrado "qualquer indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos". Este é o primeiro momento em que este assume que terá recebido um documento dos dois militares naquela reunião.
A edição 'online' do semanário Expresso divulgou na quinta-feira que o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM), major Vasco Brazão, disse ao juiz de instrução da investigação à recuperação do material militar furtado em Tancos que, no final do ano passado, e já depois de as armas terem sido recuperadas, deu conhecimento ao ministro da Defesa, juntamente com o então diretor daquela polícia, da “encenação montada em conjunto com a GNR de Loulé em torno da recuperação as armas furtadas” do paiol nacional de Tancos.
Porém, no mesmo dia, em Bruxelas, o ministro da Defesa Nacional tinha negado “categoricamente” que “tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo”.
Também na mesma quinta-feira, através de uma declaração escrita, enviada por e-mail à Agência Lusa, o tenente-general António Martins Pereira, fez saber que "em abono da minha honra e da verdade dos factos, que efetivamente recebi o Sr. coronel Luís Vieira [diretor da Polícia Judiciária Militar] e o Sr. Major Brazão [porta-voz da Política Judiciária Militar], no meu gabinete, em novembro de 2017".
O ex-chefe de gabinete do ministro Azeredo Lopes acrescenta que, “nessa ocasião ou em qualquer outra”, não lhe “foi possível descortinar qualquer facto que indiciasse qualquer irregularidade ou indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos”.
Vasco Brazão, sujeito à medida de coação de permanência na residência sem vigilância eletrónica, é um dos nove arguidos da operação Húbris, que investiga o caso da recuperação, na Chamusca, em outubro de 2017, das armas furtadas em Tancos.
Em 25 de setembro, a Polícia Judiciária deteve o diretor e outros três responsáveis da PJM, um civil, que estão em prisão preventiva, e três elementos do Núcleo de Investigação Criminal da GNR de Loulé.
O furto de material militar dos paióis de Tancos - instalação entretanto desativada - foi revelado no final de junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
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