No ano passado foram estudados 85.456 recém-nascidos, menos 1.908 bebés do que em 2019 (87.364), no âmbito Programa Nacional de Rastreio Neonatal (PNRN), que cobre a quase totalidade dos nascimentos em Portugal.

Comparando com 2015, ano em que foram rastreados 85.056 bebés, o número mais baixo dos últimos cinco anos verificou-se em 2020 uma quebra de 0,48%, o que representa menos 400 nascimentos, apontam dados do INSA avançados à agência Lusa.

Janeiro foi o mês que registou o maior número de “testes do pezinho” realizados (8.043), seguido de setembro (7.712), julho (7.625), outubro (7.329), março (7.182), dezembro (7.082), abril (7.067), junho (7.048), maio (6.910), agosto (6.904), novembro (6655) e fevereiro (5.899).

Lisboa foi a cidade que rastreou mais recém-nascidos, totalizando 25.014, menos 1.267 comparativamente a 2019, seguida do Porto, com 15.734, mais 33 face ao ano anterior.

Braga registou 6.538 nascimentos em 2020, menos 96 relativamente a 2019, e Setúbal 6.459, menos 264, adiantam os dados do “teste do pezinho”, realizado a partir do terceiro dia de vida, através da recolha de gotículas de sangue no pé da criança.

Este teste permite diagnosticar algumas doenças graves difíceis de diagnosticar nas primeiras semanas de vida e que mais tarde podem provocar alterações neurológicas graves, alterações hepáticas, entre outras situações.

Apesar de Bragança ser o distrito com o menor número de nascimentos (596), aumentou o número comparativamente a 2019, com mais 33 “testes do pezinho” realizados, acontecendo o mesmo em Portalegre, que rastreou 631 bebés, mais 10 face ao ano anterior.

As regiões autónomas dos Açores e da Madeira também registaram uma quebra no número de testes realizados, totalizando 2.051, menos 53 do que em 2019, e 1.818, menos 77, respetivamente.

Entre 2015 e 2020, o ano de 2019 foi aquele que registou o valor mais alto com 87.364 recém-nascidos estudados.

Comentando estes dados à agência Lusa, a demógrafa Maria João Valente Rosa afirmou ser “ainda prematuro tirar algumas ilações sobre o impacto direto que a pandemia teve nos nascimentos”, porque “grande parte das crianças que nasceram ao longo do ano de 2020 foram concebidas antes da pandemia de covid-19, em março”.

“O efeito vai ser, com certeza forte, em 2021”, comentou a professora universitária da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

Contudo, observou, há um “efeito indireto que, porventura, pode ter alguma influência, a diminuição da imigração, portanto, das entradas de pessoas vindas de outros países para Portugal”.

“Nós sabemos que o contributo de mulheres estrangeiras para o total de nascimentos tem sido, cada vez mais significativo”, correspondendo a 12% dos nascimentos ocorridos em 2019 em Portugal.

“Portanto, o facto de algumas mães, porventura, já grávidas, não virem ou saírem do território nacional, pode ter tido, pela via indireta, alguma influência sobre a redução do número de nascimentos”.

Maria João Valente Rosa sublinhou ainda que se vier a confirmar uma diminuição do número de nascimentos isso significa que vai haver “um saldo natural extremamente negativo em 2020” devido ao número de óbitos resultados já da pandemia.

“O saldo natural em Portugal tem vindo a ser negativo desde 2009, ou seja, morrem mais pessoas do que as que nascem. No entanto, como os óbitos aumentaram muito, os nascimentos, porventura, diminuíram o saldo natural que ainda vai ser mais negativo”, sublinhou a demógrafa.

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