"Eu não estou numa competição para saber quem pede a demissão do presidente da câmara A, B, C ou D primeiro, eu estou, isso sim, com um grande sentido de responsabilidade primeiro para que Portugal faça aquilo que deve no apoio aos cidadãos ucranianos, em segundo lugar que o apuramento de responsabilidades daquilo que aconteceu em Setúbal seja feito de forma célere, doa a quem doer", afirmou o social-democrata aos jornalistas.

No final de uma visita ao Centro de Atendimento do Serviço Jesuíta aos Refugiados, em Lisboa, o antigo ministro do governo de Passos Coelho recusou entrar "numa lógica de passa culpas, omitindo uma responsabilidade que é do Estado, que só compete ao Estado e só compete ao Governo, que é a proteção dos cidadãos, nomeadamente ao nível das informações e de toda a matéria que faz parte da soberania nacional".

“A demissão é uma matéria que serve muitas vezes para encher as páginas dos jornais. Eu estou a ir mais longe, eu quero um apuramento integral de responsabilidades, não apenas na autarquia de Setúbal, mas de uma forma mais abrangente ao nível do Governo, sabendo se o Governo fez aquilo que devia para assegurar a proteção e a segurança dos cidadãos ucranianos e dos cidadãos portugueses”, salientou.

No sábado, Jorge Moreira da Silva disse para não contarem com ele para “partidarizar” a guerra na Ucrânia e classificou como "lamentáveis" episódios como o acolhimento de refugiados ucranianos por alegados simpatizantes de Putin. No dia seguinte, o seu opositor na corrida a líder do PSD, Luís Montenegro, considerou no Twitter que "a oposição perdoar a atitude do parceiro de Governo do PS para pretensamente 'não politizar a guerra'" é ir "por mau caminho".

"O doutor Luís Montenegro está muito focado em fazer-me oposição e em fazer oposição ao Partido Comunista, eu estou focado em proteger aquilo que me parece ser o essencial, que são os refugiados que estão a fugir da guerra, do conflito e da pobreza e em segundo lugar escrutinar o Governo e fazer oposição ao Governo relativamente a responsabilidades que são do Governo", afirmou hoje Moreira da Silva, quando confrontado com esta posição.

O candidato social-democrata defendeu que o caso de Setúbal "é grave e tem que de ser alvo de um integral, cabal e minucioso apuramento de responsabilidades" e pediu que "se vá mais longe e que não se sofra de uma certa miopia política concentrando numa câmara, apenas por ser do Partido Comunista, um escrutínio que é mais abrangente".

Salientando que não é "normal que em Portugal instituições ou pessoas pró-Rússia estejam a recolher informações de forma ilegal e ilícita, pondo em causa a segurança dos cidadãos ucranianos", Moreira da Silva defendeu que "compete ao Estado central e neste caso ao Governo dar todas as garantias" de que "não existe risco algum de que entidades pró-russas estejam a recolher informações que ponham em causa a segurança nacional".

E afirmou que "aparentemente o Governo se limitou a aguardar uma troca de correspondência e um pedido de inspeção ou de fiscalização para tomar decisões".

Ainda no que toca ao acolhimento de refugiados da Ucrânia, Moreira da Silva sublinhou "a generosidade" dos portugueses mas defendeu que é preciso "fazer mais", pedindo "melhor organização e melhor gestão".

Assinalando que ainda existem "refugiados da Síria, da Venezuela, de Moçambique, que fugiram de Cabo Delgado, da Etiópia, do Afeganistão", pediu que estas pessoas não sejam esquecidas e Portugal "não falhe às suas responsabilidades" no apoio que necessitam.

E admitiu que "existe de facto uma diferença, não vale a pena escamotear, existe uma generosidade maior neste momento face a outras crises anteriores", mas espera que os apoios desenvolvidos para os cidadãos ucranianos sejam "a bitola que vamos utilizar sempre que há uma crise migratória".

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