"Ainda não sei como funciona e quanto custa [o passe único], se poupo ou não, por isso não posso falar", começou por dizer à agência Lusa Guilhermina Lopes, reformada, 65 anos, que aguardava vez na Loja Andante da Trindade, onde, pelas 10:30, se encontravam cerca de 40 pessoas.

Cerca de meia hora depois, esta antiga professora primária mostrava-se satisfeita com as explicações e anunciava, por telefone, à filha que é "bom e vantajoso" aderir ao passe único, mas advertia perante a comunicação social: "Muita gente, idosos sobretudo, vão ter dificuldade, porque sem vir aqui não se sabe de nada. Não há um ecrã que explique. Há folhetos, mas há que os colocar nas caixas de correio".

Os folhetos a que se referia a utente, de tom azul e com o título "A partir de 01 de abril novo tarifário - Assinatura Mensal", têm o logótipo da Área Metropolitana do Porto (AMP) e do Andante e informam que este passe que começou hoje a ser vendido na região custa "40 euros para todas as zonas" e "30 euros até três zonas".

No verso é explicado onde se pode adquirir e carregar os passes e como funciona o tarifário social, ou seja, quais os valores para crianças, estudantes, pensionistas, entre outros casos.

Os folhetos estão esta manhã a colorir as estações de metro do Porto e vão passando de mão em mão entre os utentes, mas, para a grande maioria dos presentes, esta informação não é suficiente.

Na segunda-feira, aliás, o Movimento de Utentes de Serviços Públicos do Porto (MUSP) pediu um reforço de serviços de forma a evitar "expectativas frustradas" por falta de informação ou congestionamentos.

"Perspetivando-se uma maior afluência de utentes aos transportes públicos (…), há que acautelar desde já os serviços necessários para o esclarecimento dos utentes e para o processamento dos novos títulos de transporte", apelou.

Fonte da Metro do Porto indicou à Lusa que as lojas Andante serão reforçadas para assegurar o atendimento atempado dos utilizadores, admitindo alargar horários, caso seja necessário.

Valdemar Dias, comerciante, 54 anos, concordou com o apelo e deu até sugestões: "Iam pelas juntas de freguesia da AMP explicar ou os miúdos recebiam este folheto nas escolas e levavam para casa. Porque isto pode e deve ser bom, mas ainda há quem não saiba e por falta de informação critique", referiu.

Já Laura Pires, reformada e residente em Gondomar, que aguardava vez na Trindade para perguntar se todos os operadores privados que usa no seu concelho aderiram ao passe único, esperava encontrar “mais filas”, mas, “se calhar, o que vai acontecer é a ‘portugalite'”.

“Vai tudo deixar para a última e filas a sério só no fim do mês", sustentou Laura Pires.

Em comunicado, a AMP esclarece hoje que o passe único é um título intermodal que irá permitir aos passageiros viajar nos diferentes operadores rodoviários, nas linhas da CP Urbanos do Porto e no Metro do Porto.

A entidade garante que está a trabalhar para que "todos os operadores, públicos e privados, adiram ao passe único", mas admite que "a 01 de abril só será possível a implementação junto do serviço que atualmente está integrado no Sistema Intermodal Andante".

O novo passe, válido para os 17 concelhos que integram a AMP, custa no máximo 40 euros mensais por utente. É também criado um passe municipal, com o custo de 30 euros para viagens dentro do concelho ou até três zonas contíguas.

Mantêm-se em vigor as taxas de desconto dos tarifários sociais existentes, de 25%, 50% e 60%, agora aplicada sobre as novas tarifas.

O novo tarifário prevê ainda a introdução de mais dois títulos: o passe sub12, cuja entrada em vigor foi adiada para 01 de setembro, por altura do início do novo ano letivo, e o passe família, sobre o qual a AMP não se compromete com uma data para o seu arranque.