O dueto da seleção portuguesa rumou a Lagos, no Algarve, para tentar a presença nos Jogos Olímpicos, com o apoio da Federação Portuguesa de Natação (FPN) e sob a coordenação da espanhola Sylvia Hernandez Mendizabal.

“Mudámos para uma cidade que não conhecemos, onde não conhecemos ninguém, somos só nós as três, mas é um esforço que sentimos que vai ser recompensado”, revelou Cheila Vieira, em entrevista à agência Lusa.

As lisboetas Cheila Vieira e Maria Beatriz Gonçalves iniciaram-se há 15 anos na então conhecida como natação sincronizada — em 2017 passou a ser designada por artística — e já disputaram dois Europeus e outros tantos Mundiais, o último dos quais em julho último, quando conseguiram a melhor pontuação de sempre para Portugal (76,2328 pontos).

Os resultados nos Mundiais de Gwangju, na Coreia do Sul, “ultrapassaram as expectativas”, segundo Mendizabal, justificando o reconhecimento da FPN, cujo apoio permitiu que, desde janeiro, o dueto vivesse em estágio contínuo.

Na cidade algarvia, aproveitam o máximo de tempo possível na preparação, com treinos de ballet, ginástica e condição física e natação, num total de 42 horas semanais.

“Aumentámos a carga, os treinos são mais intensos, mas sentimos que estão a dar resultados, estamos cada vez mais fortes e saímos satisfeitas do treino”, revelou Cheila Vieira, de 21 anos, antes de mais uma sessão de treino da coreografia na piscina.

Os movimentos são graciosos, muito semelhantes aos do ballet, numa sintonia que reflete as muitas horas de trabalho, treino e repetição do esquema, quase até à exaustão, sempre sob a orientação de Sylvia Mendizabal, cujas instruções são audíveis debaixo de água, onde reforçam o sonho olímpico.

“Há uns anos era algo que nos parecia impossível, agora, embora esteja a ser difícil, não pomos de parte a qualificação. Estamos a dar tudo por tudo para o conseguir alcançar”, sublinhou Maria Beatriz Gonçalves, de 20 anos.

A passagem do sonho à realidade pode ocorrer entre 30 de maio e 03 de junho de 2020, quando vai ocorrer a prova de qualificação Mundial, em Tóquio.

Sylvia Mendizabal apontou como ‘mínimo’ a presença na final da competição e a meta o apuramento para Tóquio2020, reconhecendo “que não é fácil”, mas “se não for em 2020, que seja em 2024″.

A espanhola de 37 anos já conhecia o Algarve, muito por causa de outra paixão, o surf, que a levou a fixar-se em Sagres, há sete anos, tendo a proximidade de Lagos oferecido “todas as condições” e apoios para esta “exigente preparação”.

Com uma família de desportistas, Sylvia Mendizabal diz que começou a “nadar antes de começar a caminhar”, indicando como inspiração a atriz e nadadora norte-americana Esther Williams.