Em entrevista à Lusa, a propósito da renegociação dos acordos de empresa que está a decorrer na companhia, e que motivou a convocação de uma greve pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Gonçalo Pires disse que a proposta da TAP assenta no aumento da produtividade.

“Não queremos confundir ninguém, é preciso ter uma discussão informada e perceber que a reação do sindicato dos tripulantes de cabine à proposta da TAP” deve ser “enquadrada no mundo real”, referiu, salientando que não há “mais oportunidades para fazer da TAP uma empresa financeiramente sustentável”, tendo em conta as ajudas de Estado, de 3,2 mil milhões de euros, o que obriga a “administração a rever a estrutura de custos da empresa e fazer tudo o que está ao seu alcance para tornar a empresa financeiramente rentável”.

“Neste contexto, ter acordos coletivos de trabalho que sejam competitivos, modernos, ajustados aos tempos que vivemos, a momentos de competitividade com outras companhias aéreas é uma obrigação da empresa e desta administração”, destacou.

O CFO da TAP considera que os atuais acordos “são antigos” e “fora de prazo”, sendo preciso ajustá-los “aos tempos modernos”, citando um estudo, de um consultora para a companhia, que concluiu, segundo o gestor, que “para as duas grandes categorias profissionais de tripulantes de cabine, na do comissário assistente na TAP ganham 25% mais, já depois dos cortes salariais, e no caso do topo da carreira, dos supervisores de cabine, 50% mais” do que na British Airways.

O SNPVAC, num comunicado esta semana, contestou a publicação destes dados, que considera um “ataque difamatório”.

Segundo Gonçalo Pires, “a TAP não existe contra grupos profissionais”, garantindo que são “uma família” que deve “contribuir para o mesmo, para tornar a empresa sustentável”. “Queremos em boa-fé negociar estes acordos de trabalho para garantir precisamente a sustentabilidade da empresa”, indicou, referindo que “todos os tripulantes de cabine da TAP podem vir a ganhar mais do que ganhavam em 2019. Têm é de trabalhar mais”.

“Nós temos todos que ser mais produtivos, incluindo os tripulantes de cabine. Na British Airways podem trabalhar até 900 horas por ano. Porque é que na TAP só se pode trabalhar até 600?”, questionou.

O CFO recusou que os tripulantes de cabine possam perder em média 450 euros com o novo acordo. “A nossa proposta faz um ajuste da remuneração fixa. Mas paga mais se se voar mais”, reforçou.

“O mandato desta administração é entregar o plano [de reestruturação]. E o plano obriga-nos a ser financeiramente sustentáveis. E para atingir essa sustentabilidade temos de mexer em contratos que são antigos e prejudicam a empresa e estamos a fazê-lo para todos”, garantiu, realçando que a gestão tem de “rever os acordos coletivos de trabalho que infelizmente garantem muito pouca produtividade”.

“Isto não é nenhuma injustiça”, sublinhou, afirmando que é preciso “negociar de boa-fé” porque “é uma mudança na vida das pessoas”, sendo que “no caso dos tripulantes de cabine em média o corte representa 120 euros na remuneração fixa”, indicou, reconhecendo que “é uma alteração contra as condições que tinham em 2019”.

Questionado sobre o sentido de oportunidade de avançar com estas medidas numa altura de inflação elevada, Gonçalo Pires disse que a administração não esquece “a situação” atual, recordando que já foi anunciado que, “dependendo dos resultados do final do ano”, está “a equacionar uma forma de compensar excecionalmente o impacto da inflação”.

Sobre as negociações com os pilotos, Gonçalo Pires disse que estão “mais avançadas”, mas ainda longe de um desfecho. Segundo o CFO, os pilotos “aceitaram a nova proposta da TAP e estão a negociá-la. Sabem que a proposta que fizemos não vai ser aquela que vai ficar, porque isto é uma negociação, mas aceitaram e estamos à mesa e a discutir ponto a ponto. É isso que queremos fazer com todos os grupos profissionais e é isso que gostaríamos que acontecesse com os tripulantes de cabine”, indicou.

“Nós não estamos a negociar para beneficiar uns e prejudicar outros. Percebemos que existem especificidades em cada um dos grupos profissionais e obviamente que a rapidez com que fecharmos com cada um não depende só de nós, mas também da vontade que eles têm de chegar a acordo”, referiu.

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