“Seria, para mim, um cargo muito interessante porque senti que poderia dar um contributo importante nesta fase desafiante para a economia europeia e teria [tido] muito gosto e interesse nesse cargo, mas também compreendo que quando é exigida uma maioria qualificada de 80%, é sempre muito exigente e há sempre circunstâncias que depois tornam difícil a eleição”, reagiu João Leão, em declarações à agência Lusa.

Um dia depois de o Governo português ter anunciado que retirou a candidatura do ex-ministro das Finanças ao cargo de diretor executivo do MEE, num acordo com o Luxemburgo, que também abdicou do seu candidato, João Leão realçou à Lusa que estas foram “duas candidaturas fortes, [que] decidiram, de forma construtiva, retirar-se para dar origem a um novo processo de nomeação”.

“A candidatura portuguesa reuniu um grande número de votos e obteve mesmo o maior apoio das quatro candidaturas apresentadas, no entanto, o apoio maioritário que obteve não foi suficiente para atingir a maioria qualificada de 80% dos votos” expressos, observou o responsável.

Para João Leão, este “é um cargo muito importante ao nível europeu, num contexto que as dívidas públicas dos países da zona euro aumentaram muito devido à pandemia e em que agora esses países estão sujeitos a um fenómeno de inflação e de aumento das taxas de juro, que trazem desafios muito importantes sobre o financiamento dos países”, pelo que espera que se encontre “um bom candidato”.

“O MEE tem um papel muito importante em assegurar a sustentabilidade do financiamento e do crescimento sustentado desses países”, apontou, agradecendo o “extraordinário apoio” do Governo e o suporte dos outros países do euro (como de Espanha, França e Itália), para os quais foi “fundamental o prestígio que Portugal conquistou nos últimos anos na Europa, devido à boa condução da política económica e aos excelentes resultados nas finanças públicas”.

Já questionado pela Lusa sobre o seu futuro profissional, no dia em que o jornal internacional Politico avança que poderá vir a integrar o Tribunal de Contas Europeu, João Leão rejeitou comentar, mas disse que se sente “bem” em “importantes funções” às quais consegue “dar um contributo importante”, na academia e na área da política económica.

“Tenho feito a minha carreira […] na academia e na universidade e gosto muito, mas tenho desempenhado ao longo destes anos muitos cargos ao nível da política económica, desde diretor do Gabinete de Estudos, de assessor, de secretário de Estado do Orçamento e de ministro de Estado e das Finanças”, elencou.

Por essa razão, “terei de ponderar as situações que surgirem no futuro”, concluiu João Leão.

Na terça-feira, o Ministério das Finanças informou que Portugal e o Luxemburgo retiraram as suas candidaturas ao cargo de diretor executivo MEE, explicando que o consenso visa evitar um impasse e não prejudicar a sucessão de Klaus Regling, que está no cargo há 10 anos e deverá terminar o seu segundo mandato à frente da instituição no início de outubro.

O alemão Klaus Regling, que é diretor executivo do Mecanismo desde a sua criação, em 2012, termina o seu mandato a 07 de outubro, pelo que a sucessão no MEE deveria acontecer a partir de 08 de outubro.

Cabe agora ao presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, retomar o processo para o possível sucessor ser formalmente nomeado nas próximas semanas.

A decisão sobre a sucessão é tomada pelos ministros das Finanças do euro, no Conselho de Governadores do MEE, numa votação feita por maioria qualificada, ou seja, 80% dos votos expressos, sendo que os direitos de voto são iguais ao número de ações atribuídas a cada país membro no capital social autorizado.

Sediado no Luxemburgo, o MEE é uma organização intergovernamental criada pelos Estados-membros da zona euro para evitar e superar crises financeiras e manter a estabilidade financeira e a prosperidade a longo prazo, concedendo empréstimos e outros tipos de assistência financeira aos países em graves dificuldades financeiras.

No anterior Governo, João Leão assumiu a pasta das Finanças, depois de ter sido secretário de Estado do Orçamento, entre 2015 e 2019.

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