Marcelo Rebelo de Sousa diz que houve uma "certa hesitação" e uma "leveza na ponderação" dos festejos em Alvalade e no Marquês de Pombal. "Uma leveza excessiva na ideia de criar condições para um aglomerado muito grande de pessoas em torno do estádio", sinalizou o Presidente da República em entrevista, esta quinta-feira, à RTP.

Sem apontar o dedo ou nomear responsabilidades, Marcelo lamentou que "os diques" tenham sido rompidos.

"Olhando para as imagens de Fátima, a disciplina e o exemplo da Igreja Católica, o comportamento em espetáculos, o esforço das pessoas, foi ontem [terça-feira] ultrapassado porque os diques foram rompidos", disse o chefe de Estado.

“Foram 20 anos de espera, eu percebo isso, mas houve um efeito que não pode ser replicado no futuro próximo", tinha referido antes.

Marcelo refere que festejos dos leões devem ser uma "lição" para os futuros jogos de futebol, nomeadamente a final da Taça de Portugal, em Coimbra, e a final Liga dos Campeões, no Porto.

Questionado sobre as responsabilidades do ministro da Administração Interna, o Presidente da República disse não ter informações sobre a intervenção direta de Eduardo Cabrita.

Relativamente à abertura de um inquérito à PSP, diz que este "não é exclusivamente à polícia, mas ao evento como um todo".

"Não é possível haver um polícia atrás de cada cidadão", acrescentou.

Para Marcelo, o clima "por vezes, excessivamente liberto", com "as pessoas a sentirem-se mais à vontade no desconfinamento", o que considera ser "errado", esteve na origem das diferenças entre festejos do Sporting e do FC Porto, campeão na última época.

Recorde-se que esta não é a primeira vez que o Presidente da República aborda o tema. Já esta quarta-feira havia dito que quem deve prevenir" aglomorados não o conseguiu fazer".

Na entrevista à RTP, em Belém, Marcelo referiu que alguns amigos lhe disseram que tinha sido "um pouco duro de mais" nestas declarações. Porém, assegurou que não queria ser "duro em nenhuma das pessoas em questão", mas sim avaliar o resultado geral.

Marcelo confiante na aprovação dos OE2022

Confrontado ainda com os dados de uma sondagem da Universidade Católica para a RTP e jornal Público, que indica que perto de metade dos portugueses querem ver o Presidente a ser mais exigente com o Governo, Marcelo mostrou-se surpreendido por serem tão poucos, dizendo que normalmente esses números rondam os 60 ou 70%.

“As pessoas não querem brincar em serviço, querem estabilidade, que a legislatura vá até ao fim e que o Governo governe melhor”, afirmou.

Na entrevista conduzida pelo jornalista António José Teixeira, o Presidente da República disse ainda que acredita que o Orçamento do Estado vai passar pelo Parlamento. “Estou convencido que o orçamento passa, com base de apoio similar ao último orçamento", antecipou.

"É a minha análise da situação", fez questão de sublinhar o Presidente. "Faz lógica que tenha essa base, pelo menos. Pode ter uma base maior, pode haver um partido que não tenha votado ou que não se tenha abstido de última vez e que se abstenha desta vez. Mas, quer dizer, não estou convencido de que haja um risco grande de o Orçamento não passar", acrescentou.

O Orçamento do Estado para 2021 foi aprovado com votos a favor apenas do PS e a abstenção de PCP, PAN e PEV. O Bloco de Esquerda votou contra pela primeira vez desde o início da anterior legislatura.

No entanto, esperar que o OE2022 seja negociado entre PS e PSD é pouco "realista", considera Marcelo. "O português gosta disso", mas não "é muito bom para o sistema" e é especialmente "difícil" em ano de autárquicas.

Ainda sobre as conclusões da sondagem da Católica, que revela também que a maioria dos portugueses defende uma remodelação no Governo, Marcelo Rebelo de Sousa diz que "cabe ao primeiro-ministro avaliar, em cada momento, manter ou remodelar" o executivo.

"Se o primeiro-ministro entende que não deve fazer remodelações do Governo, ele é que decide sobre a matéria. É um juízo político, e faz a avaliação política e é avaliado politicamente pela avaliação que faz", declarou o chefe de Estado à RTP.

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