Num decreto presidencial, Daniel Noboa ordenou “a mobilização e intervenção das forças armadas e da Polícia Nacional (…) para garantir a soberania e integridade nacionais contra o crime organizado e organizações terroristas”.
Também o Tribunal Nacional de Justiça (CNJ) lamentou a “ofensiva do crime organizado”, referindo-se igualmente a motins nas prisões, automóveis incendiados e ataques com explosivos. Em comunicado, o tribunal condenou os ataques e ameaças que surgiram contra o presidente do CNJ, Iván Saquicela, e a procuradora-geral do Estado, Diana Salazar.
Mas se na segunda-feira houve Estado de Emergência e ontem começou a onda de violência, a verdadeira raíz do problema remonta a domingo, quando o Ministério Público do Equador informou que abriu uma investigação sobre a alegada fuga da prisão de José Adolfo Macías Salazar, mais conhecido por Fito, o cabecilha de um dos principais grupos de crime organizado do país.
No início, a administração prisional do Equador não confirmou a fuga de ‘Fito’, divulgada na X pelo antigo ministro do Interior José Serrano, tendo limitado-se a indicar que vai divulgar resultados e informações recolhidas após o fim de uma operação em curso na prisão
Sem citar fontes, Serrano disse que a cela do líder dos Los Choneros “foi encontrada impecavelmente ‘limpa’, houve tempo para ‘embalar’ todos os pertences do criminoso, incluindo relógios, armas, uísque, telemóveis, um computador (…) levou tudo, tudo, porque disse que não ia voltar”.
O grupo Los Choneros surgiu nos anos de 1990 em Chone, cidade da província costeira de Manabí, e progressivamente ganhou força nas rotas do tráfico de drogas, particularmente no trânsito de cocaína da Colômbia para ser posteriormente transportada por via marítima para a América do Norte.
De acordo com relatórios policiais, o grupo dedica-se atualmente ao tráfico de droga, extorsão, assassínios e tráfico de armas, entre outros crimes, e estão em conflito com os grupos rivais Los Lobos e Los Tiguerones, incluindo no interior das prisões.
Num momento de grande tensão no Equador, a Argentina disse, na terça-feira, estar disponível para enviar membros das forças de segurança para ajudar o Equador a enfrentar uma vaga de violência que já causou pelo menos dez mortos.
*Com Lusa