Pelas 08:00 (01:00 em Lisboa), dezenas de pessoas juntavam-se já na entrada do Consulado de Portugal, onde cerca de 170.000 portugueses estão registados. Pelas 12:00 (05:00 em Lisboa), cerca de 1.000 pessoas já tinham votado, de acordo com a equipa do candidato.

A maioria dos eleitores entrevistados pela agência Lusa -- macaenses ou de etnia chinesa com mais de 50 anos -- participava pela primeira vez nesta eleição, respondendo à intensa campanha de apelo ao recenseamento levada a cabo pela lista de Coutinho, que é também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau.

O que os moveu foi a vontade de ter alguém da sua confiança a fazer de 'ponte' com Portugal e, em particular, o consulado.

"Precisamos de ajuda. Queremos pessoas que nos ajudem a verificar documentos porque está tudo em português e a maioria [dos portadores de passaporte português em Macau] são chineses. A minha mulher é [de etnia] chinesa e quando vou trabalhar ela não sabe [tratar] de nada. Então peço-lhes e eles ajudam, fazem a ponte", explica Francisco Inácio.

Tammy Lo também se estreou hoje nas eleições para o Conselho das Comunidades, que se realizam desde 2003. "Coutinho fez muitas coisas por nós. Gosto dele. Por exemplo, para renovar o passaporte agora é mais conveniente", diz, salientando que acredita que os conselheiros vão "levar os nossos problemas a Portugal".

Fred Lei pede ajuda à filha para traduzir: "O Conselho das Comunidades pode ajudar-nos a expressar as nossas necessidades e expectativas, foi por isso que vim votar".

Vota também pela primeira vez, incentivado, diz, por um melhor trabalho de promoção por parte da lista candidata.

Tal como os outros entrevistados, Fred Lei salienta a importância do apoio administrativo a uma comunidade que, em grande parte, não domina a língua portuguesa. "Temos o passaporte português e [os conselheiros] podem ajudar-nos com trabalhos administrativos ou quando vamos viajar ou estudar", explica.

Apesar de satisfeitos com o candidato -- que conta com Rita Santos como número dois e Armando Jesus em terceiro lugar --, os eleitores gostariam de ver mais listas na corrida.

Todos disseram estar informados que Coutinho é também candidato à Assembleia da República portuguesa, como candidato pelo partido 'Nós, Cidadãos!' ao círculo fora da Europa, e manifestaram interesse em votar nele.

Às 12:30 (05:30 em Lisboa), Coutinho colocou o seu voto: "Acabei de exercer o meu direito de voto. Neste momento estamos empenhados em concluir o processo de eleição, até agora tudo tem corrido bem".

Pereira Coutinho promete mais deslocações a Lisboa e propõe-se facilitar a difusão do português: "Estamos muito interessados em que haja uma maior difusão da língua portuguesa, não só no âmbito do consulado e do IPOR [Instituto Português do Oriente], mas também através do envolvimento das associações de matriz portuguesa".

Questionado sobre o facto de a sua ser a única lista candidata, Coutinho admite que "em democracia era importante haver mais listas", mas refere que "Macau tem as suas especificidades" e que "as pessoas conhecem-se umas às outras de ginjeira".

"Sabem o trabalho que temos efetuado, por isso acho que é normal que só haja uma lista", conclui.

Sobre um eventual interesse em concorrer à presidência do Conselho Permanente das Comunidades Portuguesas, Coutinho aponta para a sua número dois: "Acreditamos que Rita Santos pode desempenhar esse papel".

A antiga secretária-geral adjunta do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa reagiu com surpresa e disse que esse será um tema a analisar mais tarde.

"Caso houver, da parte dos outros conselheiros das comunidades portuguesas, confiança na minha pessoa, acredito farei bem o trabalho. Mas ate lá tenho ainda de fazer a minha campanha junto dos outros conselheiros. Agora a minha preocupação é aperfeiçoar o trabalho aqui em Macau", comentou.

ISG // SO

Lusa/fim

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