"Espero que não volte a acontecer o que aconteceu em 2008. Isto é consequência do facto de em 2008 não terem sido tiradas as devidas lições do que ocorreu", disse o governante, referindo-se a atos de violência xenófoba nos bairros suburbanos da África do Sul, que fizeram 72 mortos.

Na altura, considerou, "as causas dos acidentes não eram pontuais", logo, "apagou-se a chama, mas não se resolveu o problema, que ressurgiu".

"O que espero é que dos acontecimentos que estão a ter lugar presentemente haja de facto uma reflexão profunda e uma estratégia para atacar o problema, de modo a que isso não se repita", reiterou.

Oldemiro Baloi apontou como causas "a frustração dos sul-africanos, pelo facto de o seu nível de vida não estar a melhorar à medida das suas expectativas" e também a "história da luta da libertação estar a ficar diluída demasiado cedo na mente de alguns sul-africanos".

"Nós, em Moçambique, também temos pobreza e não é por isso que descarregamos a frustração em terceiros. Isso é que tem de ser resolvido a prazo", insistiu, em declarações à agência Lusa à margem da Conferência Ásia-África.

O governante lembrou que o executivo do qual faz parte está em contactos com as autoridades sul-africanas a vários níveis para resolver o problema, depois da morte de três moçambicanos, que motivou o regresso a casa de mais de 1.500 cidadãos a Moçambique, uns por meios próprios e outros apoiados pelo Governo.

Após as medidas de "emergência" que devem ser tomadas para assistir os moçambicanos em causa, será "preciso tempo para processar o que fazer" a longo prazo, referiu Oldemiro Baloi.

"A política do Governo de Moçambique é criar condições para que os seus cidadãos, principalmente a camada jovem, tenham emprego no país", referiu, quando questionado sobre o que recomendaria aos cidadãos regressados a casa em termos de imigração.

O chefe da diplomacia moçambicana respondeu que "nenhum Governo tem condições para garantir" emprego, mas destacou a aposta na "formação técnico-profissional" e no estímulo ao empreendedorismo.

"O Governo será o maior gerador de emprego, mas esse emprego não é gerado todos os dias, daí a aliança estreita com o setor privado, em particular com as micro, pequenas e médias empresas. É um modelo complexo, que vai no caminho certo, mas que tem perturbações pela força das crises que vão surgindo", referiu.

AYN (HB) // VM

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