No final de uma assembleia geral da MM, cuja ordem de trabalhos não foi cumprida na totalidade, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Manuel Machado, ladeado pelos seus pares da Lousã e de Miranda do Corvo, acusou o Governo de "bloquear o funcionamento" da empresa e a realização dos seus objetivos estatutários.

"É mais um bloqueio que fica para aí", disse o autarca do PS, responsabilizando o acionista maioritário de, através do atual Governo, promover "delongas absolutamente injustificadas" na conclusão das obras do metro, iniciadas em 2009, no Ramal da Lousã, deixando as populações do interior do distrito de Coimbra sem a centenária ligação ferroviária.

Acompanhado pelos presidentes socialistas das autarquias da Lousã e Miranda do Corvo, Luís Antunes (presidente da mesa da assembleia da sociedade) e Miguel Baptista, respetivamente, o também presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses lamentou que a MM, por alegada imposição do Governo de Pedro Passos Coelho, "não realize, nem deixe realizar" as obras e demais ações em falta para repor a mobilidade ferroviária no Ramal da Lousã e dotar Coimbra de um sistema de metro.

Manuel Machado disse que a indefinição quanto ao futuro do projeto, concebido pela MM, "está a criar graves danos" aos três concelhos envolvidos.

A Câmara de Coimbra quer "ser ressarcida pela empresa", tendo em conta, designadamente, a desertificação do centro histórico, onde na década passada dezenas de edifícios foram demolidos para que a linha do metro pudesse avançar.

Machado lembrou a existência de uma área extensa da Baixa em ruínas, à espera de obras, públicas e privadas, associadas à futura passagem do metro, o que compromete também a requalificação no âmbito da classificação da Alta e parte da Baixa como Património Mundial, por decisão tomada pela UNESCO, em 2013.

Na sua opinião, partilhada pelos homólogos da Lousã e Miranda, "não é aceitável que uma assembleia geral convocada nos termos estatutários" não tenha condições para definir o desenvolvimento do projeto, incluindo a candidaturas das empreitadas e aquisições várias aos fundos comunitários, no âmbito do Portugal 2020.

Manuel Machado disse que "todos os acionistas" (Estado, municípios, CP e Refer) participaram na reunião e que "os documentos formais foram aprovados", excluindo um relatório societário do exercício de 2014.

"O Governo determinou que esse relatório deveria ser refeito, após parecer de uma unidade que funciona obscuramente algures", cuja não apresentação, hoje, o autarca de Coimbra atribuiu "a falta de interesse ou de tempo" do acionista maioritário.

Por outro lado, o plano de atividades elaborado pela administração, liderada por João Rebelo, "é um documento minimalista" que não clarifica o futuro do projeto.

"Por este caminho, tudo tem de ser posto em causa", defendeu, lamentando que a empresa não tenha ainda na sua posse um parecer que o Governo pediu ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) a fim de candidatar aos fundos europeus uma entre diversas soluções tecnológicas, após ter confirmado o abandono do projeto inicial.

A eleição dos novos órgãos sociais, último ponto da ordem de trabalhos, não se realizou.

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