"Os homens da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] têm de entregar as armas", apelou Nyusi no comício que encerrou a presidência aberta à província de Tete, centro do país, pedindo também que os militares da oposição sejam integrados na polícia e nas forças armadas e que os mais velhos se reformem e vão para casa.

O Presidente moçambicano disse que aquilo que mais tem ouvido, porém, é a exigência da Renamo em promover os seus antigos militares que já se encontram nas forças regulares moçambicanas.

"Mas aqueles guerrilheiros como vão viver?", questionou o chefe de Estado, insistindo que eles têm de sair do mato para se integrarem, viverem bem e para que não haja guerra.

Nyusi disse ter ficado chocado com os relatos que ouviu no distrito de Tsangano, durante a sua presidência aberta, onde tem havido confrontos com a Renamo e onde "as populações estão a ficar com medo".

O chefe de Estado associou as recentes confrontações militares em Tete às riquezas naturais da província, acusando a Renamo de pretender prejudicar o desenvolvimento da província.

Durante o comício, Filipe Nyusi reiterou a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, desde que a solução para a crise política com a oposição não atropele a Constituição.

"Não me puseram aqui [na presidência] para espancar e destruir a Constituição que jurei cumprir", afirmou.

Durante o encerramento da I Sessão Ordinária da Assembleia da República, na quinta-feira, a chefe da bancada da Renamo, Ivone Soares, reiterou a recusa do movimento de se desarmar enquanto não receber garantias de que vai poder nomear quadros para postos de comando no exército e na polícia.

"A bancada da Renamo questiona: quem é esse que vai ter força para desarmar a Renamo sem diálogo? Se querem arrancar as nossas armas, cumpram com o Acordo Geral de Paz, cumpram com o Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, dialoguem connosco e desarmem-se também", afirmou Soares, referindo-se à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), bancada maioritária.

Comentando o posicionamento da bancada da Renamo, o primeiro-ministro moçambicano, Agostinho do Rosário, considerou-as infelizes.

"Acho que são declarações infelizes. O que nós queremos é que, de facto, ninguém tenha armas. As armas devem estar apenas na posse da Polícia, Forças Armadas e as autoridades competentes. Os partidos políticos não podem fazer política com uma mão e com a outra terem armas para chantagear e manter a população e o desenvolvimento reféns", declarou Rosário.

O Governo e a Renamo estão num impasse em torno do desarmamento da Renamo, nas negociações que mantém há mais de um ano sobre a situação política no país.

HB (PMA) // APN

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