A informação foi avançada aos órgãos locais, na província angolana do Huambo, pelo segundo Comandante Geral da Polícia Nacional, comissário-chefe Paulo de Almeida, que reagia às informações sobre a morte de centenas de pessoas, na operação de captura do líder da referida seita, igualmente conhecida por "Kalupeteca".

O incidente ocorreu a 16 de abril, no município da Caála, quando os agentes da Polícia Nacional, incluindo o comandante municipal, tentavam capturar Julino Kalupeteca, líder da referida seita - ilegal e que advoga o fim do mundo em 2015 - após confrontos também na província de Benguela, que terminaram igualmente com a morte de outro polícia.

Segundo Paulo de Almeida, as 13 pessoas mortas não são inocentes, porque estariam envolvidos nos confrontos com os agentes da ordem, por serem "os ditos seguranças do líder da seita e autores dos assassínios".

"Os 13 mortos são franco-atiradores, pertencentes à guarda do Kalupeteca, que tinham por objetivo neutralizar e desestabilizar a operação", disse Paulo de Almeida, durante uma formatura geral, também citado hoje pela agência de notícias angolana, Angop.

O oficial destacou o profissionalismo dos agentes mortos, já que poderiam ter sido mortas mais pessoas.

"Temos que destacar estes grandes camaradas, que, durante confrontos de três horas com os fiéis seguidores do tal Kalupeteca, souberam poupar vidas humanas de crianças, mulheres e velhos", frisou o segundo Comandante Geral da Polícia Nacional.

"Muitos não sabem o que se passou na localidade de São Pedro Sumé e dizem que fomos negligentes. Repito, foram três horas de confronto e a polícia não podia reagir para não matar civis enganados pelo Kalupeteca", acrescentou.

Entretanto, num comunicado, o Governo Provincial do Huambo acusou a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana, de ter orquestrado um plano político para ser executado pela seita "A Luz do Mundo".

O documento, igualmente citado pela Angop, refere que o plano "com muitos traços que identificam a atuação política da UNITA" tinha como objetivo levar as populações a abandonarem as suas residências, para se fixarem nas matas, sobretudo nas ex-bases militares daquela força política.

O governo do Huambo afirma ainda que no âmbito do mandado de captura, emitido pela Procuradoria-Geral da República, as autoridades encontraram no morro do Sumé "muito material de propaganda da UNITA, incluindo cartões de membros dessa organização, recentemente emitidos e assinados pelo seu secretário provincial, Liberty Chiyaka.

Contudo, já na segunda-feira, a UNITA tinha negado em comunicado qualquer envolvimento no confronto, depois de divulgadas imagens de material de propaganda daquele partido no acampamento da igreja e face a acusações de dirigentes políticos sobre o envolvimento.

No mesmo documento, a direção do partido liderado por Isaías Samakuva manifestava "revolta pelas tentativas de envolvimento do nome da UNITA numa situação que nada tem a ver com ela", considerando-as "irresponsáveis, descontextualizadas e imbuídas de má-fé".

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