Anualmente, há cerca de oito mil candidatos, mas apenas mil conseguem entrar na Legião Estrangeira, de acordo com António Correia Estradas, o português de 44 anos que está há 22 neste corpo militar francês.

"Seja português ou não, a Legião dá a possibilidade ao candidato - se ele estiver motivado - de começar uma outra vida", explicou António Correia Estradas, sublinhando que, para ele, "foi uma nova vida que começou".

Esta quarta e quinta-feira, a Legião Estrangeira abre as portas à imprensa internacional, em Aubagne, no sudeste de França, para as comemorações da Batalha de Camerón (30 de abril de 1863) e para os 70 anos da libertação de França durante a Segunda Guerra Mundial.

Do programa constam a visita ao museu e ao acampamento militar na região de Aubagne, assim como o desfile e a cerimónia de homenagem ao capitão Jean Danjou - que teria liderado, até à morte, a resistência de cerca de 60 homens contra três batalhões mexicanos a 30 de Abril de 1863.

O corpo militar francês foi formado em 1831 para permitir o recrutamento de soldados estrangeiros para o exército e, desde então, morreram mais de 35 mil estrangeiros ao serviço de França. Entre eles, vários portugueses, incluindo soldados nascidos em Portugal e mortos em combate em França a partir de 1914, muito antes da entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial, de acordo com dados do projeto 'Mémoire des Hommes', gerido pelo Ministério da Defesa francês.

Oriundo da Baixa da Banheira, no distrito de Setúbal, António Correia Estradas decidiu "tentar a aventura" em França em outubro de 1992, "depois de uma curta carreira na construção civil em Portugal" e teve a "primeira experiência operacional em Sarajevo entre outubro de 1993 e fevereiro de 1994 como soldado das Nações Unidas".

"Durante esta missão, pude ajudar o meu pelotão, a população em perigo nessa zona difícil do globo", relembrou o militar do serviço de comunicação da Legião, acrescentando ter sido ferido por bala, o que o levaria a fazer uma formação de auxiliar de saúde mais tarde.

Foi como auxiliar de saúde que o português participou "em diversas missões na floresta profunda" da Guiana Francesa quando foi destacado para o 3° regimento estrangeiro de infantaria em outubro de 1994, tendo feito a travessia do território "a partir de São Jorge do Oiapoque, na fronteira do Brasil, até Saint-Laurent-du-Maroni na fronteira do Suriname".

Em 2005, António Correia Estradas passou pelo Kosovo como intérprete do chefe do serviço de desminagem e, em 2006, foi destacado para Djibouti, onde diz ter descoberto "o calor do deserto".

Ainda na Legião, o português tirou o curso de alpinista militar e foi chefe do serviço "que toma conta dos legionários feridos, doentes ou isolados" no regimento de Aubagne.

Ao fazer o balanço das duas décadas ao serviço de França, António Correia Estradas resumiu simplesmente: "A Legião Estrangeira ajudou-me a ser quem eu sou hoje."

CAYB // PJA

Lusa/fim

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