A informação consta do relatório semanal do banco central angolano sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, ao qual a Lusa teve acesso, relativamente à venda de divisas entre 16 e 20 novembro, realizada a uma taxa interbancária média de 135,984 kwanzas (94 cêntimos de euro), inalterada há mais de um mês.

Neste período, o BNA vendeu 332,7 milhões de dólares (313 milhões de euros) de divisas, valor que compara com os 209,1 milhões de dólares (196,6 milhões de euros) injetados na semana anterior, um aumento de 59,1%, limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.

"Este volume de divisas destinou-se fundamentalmente à cobertura de operações de natureza prioritária", refere o BNA, na mesma informação, tal como vem sucedendo nas últimas semanas.

Angola enfrenta uma crise financeira e económica, face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.

A generalidade dos bancos angolanos limitou, entretanto, a venda de divisas a clientes a um máximo de 1.000 dólares (940 euros) por semana.

Do total de divisas vendidas à banca, 92,3 milhões de dólares (86,8 milhões de euros) foram para cobrir operações do setor petrolífero e 41,6 milhões de dólares (39,1 milhões de euros) para cobertura de operações (compra ao exterior) de bens alimentares, medicamentos e artigos hospitalares, além de 25 milhões de dólares (23,5 milhões de euros) para operações de viagens e remessas de dinheiro ao exterior do país "relacionadas com ajuda familiar".

Há ainda registo de 105 milhões de dólares (98,7 milhões de euros) para reposição cambial nos bancos e 68,8 milhões de dólares (64,7 milhões de euros) para outras operações bancárias diversas.

Atualmente, e tal como nos últimos meses, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, com o mercado paralelo, de rua, a apresentar taxas de câmbio a disparar para cerca de 250 kwanzas por cada dólar, para compra de moeda estrangeira.

A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

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