Perante o coletivo de juízes do Tribunal de Matosinhos, no distrito do Porto, um dos arguidos - empresário na área da restauração, de 36 anos, a viver em Portugal desde 2009 - disse que tinha "imensas dívidas" ao Estado, nomeadamente às Finanças e Segurança Social, por isso, decidiu assaltar bancos para conseguir o dinheiro para as saldar.

O outro arguido, serralheiro, de 55 anos, explicou que veio para Portugal em 2014 à procura de dar melhores condições de vida aos filhos mas, como não conseguia emprego, optou por juntar-se ao amigo nos assaltos.

Segundo a acusação, os 12 assaltos aconteceram em 2015 em Viana do Castelo, Santa Maria da Feira, Esposende, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Braga, Albergaria-a-Velha, Tondela, Vila Nova de Gaia e Viseu.

Nos assaltos, os arguidos usavam óculos de sol, perucas, gorros, chapéus e lenços para não serem identificados e, para assustar as pessoas, uma pistola de plástico, conseguindo cerca de 90 mil euros.

Os suspeitos foram detidos a 08 de setembro de 2015, data desde a qual estão em prisão preventiva, num acesso à Autoestrada 1 (A1), depois de um assalto a uma dependência bancária de Viseu.

Um dos arguidos, o empresário, adiantou que tinha tido vários negócios na área da restauração, mas não correram bem e ficou "atulhado em dívidas", num total de 100.000 euros.

"À medida que ia obtendo o dinheiro, ia pagando as minhas dívidas que, só em portagens, eram cerca de 28.000 euros", disse.

E acrescentou: "tinha ainda de pagar a prestação da casa, a pensão de alimentos ao meu filho, às finanças, gás, luz e água. Por isso, tudo que conseguia era para as dívidas".

O assaltante confesso realçou ter pago cerca de 80% das dívidas e que, entre optar pelo suicídio ou pelo assalto a bancos, decidiu pelo "mal menor" para resolver a situação.

Apesar da confissão, o arguido salientou não se recordar que o valor dos assaltos tenha sido "tão grande" porque, se assim fosse, tinha conseguido pagar "tudo o que deve".

Além disso, sustentou que nunca usou uma arma de plástico, nem nunca viu o seu amigo, coarguido no processo, usar uma.

"A minha função era ir à caixa e a função dele era controlar as pessoas, sem nunca usarmos violência", explicou.

Por seu lado, o outro arguido, serralheiro, salientou que estava numa situação financeira "sufocante e desesperante", decidindo juntar-se ao amigo.

"Em alguns assaltos usei uma arma falsa, mas noutros não, simulava com a mão que a tinha", vincou.

O dinheiro, que não admite que seja o valor constante na acusação, era dividido entre os dois e o dele era enviado para a família em Itália, explicou.

"Nunca foi minha intenção vir para Portugal para roubar, mas estava desesperado, não tinha emprego, então decidi entrar nos assaltos, mas sem fazer mal a ninguém", adiantou.

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