Demitido das suas funções pelo atual Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, Aristides Gomes pediu proteção pessoal na sede da Uniogbis (agência da ONU para consolidação da paz na Guiné-Bissau) e que deve encerrar definitivamente em dezembro.

Aristides Gomes tem sido acusado pela justiça guineense de ter, alegadamente, cometido crime económico e peculato, durante o período em que liderou o Governo do país, mas os seus advogados sempre negaram as alegações.

De acordo com os advogados do político, o magistrado Juscelino Pereira "tentou forjar" um suposto despacho em que atribuía a decisão ao Tribunal de Relação, em como Aristides Gomes estava com uma medida de coação que o obriga a não se ausentar do país, com risco de fuga por ter dupla nacionalidade, guineense e francesa.

O presidente do Tribunal de Relação, o juiz Tijane Djaló desmentiu que aquela instância tenha produzido qualquer despacho nesse sentido e esclareceu que não existe nenhum processo em curso contra Aristides Gomes naquele tribunal.

O coletivo de advogados que defendem Gomes apresentaram hoje uma queixa-crime contra Juscelino Pereira a quem acusam de "falsificação, prevaricação, usurpação de função pública, sequestro e mais crimes".

Em nome do coletivo de advogados, Luís Vaz Martins, antigo presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, disse aos jornalistas que aguardam que o Ministério Público atue contra o magistrado, mas se não o fizer admitem avançar para outras instâncias tanto no país como no estrangeiro.

Sobre o facto de Aristides Gomes estar na sede da Uniogbis, que está prestes a fechar as portas, Vaz Martins afirmou que o coletivo está a analisar a situação, embora tenha a consciência de que aquela agência da Organização das Nações Unidas "esteja a sofrer muita pressão do poder político para entregar" o ex-primeiro-ministro, enfatizou.

"Estamos em crer que as agências da ONU não estão a levar de forma fiel o que se passa em relação a este processo que é uma perseguição política mais do que algo de ilegal que o nosso constituinte tenha feito", defendeu Vaz Martins.

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