"Se a todos nós é pedida contenção nos contactos para tentarmos proteger o país, o SNS está sob uma enorme pressão, o Governo recuou até nos termos sobre a requisição do setor privado da saúde e não creio que seja possível responder a tudo o que é prioritário no país, do ponto de vista da saúde, covid e não covid, sem chamar o setor privado e o setor social às suas responsabilidades", afirmou Catarina Martins.

Em declarações aos jornalistas, à margem de uma reunião com um grupo de trabalhadores e ativistas sindicais da Central Termoelétrica de Sines, que encerrou esta sexta-feira, a líder do Bloco de Esquerda defendeu que esta é uma "medida que tem tardado".

"Bem sei que há quem ache que o Estado Português deve garantir os lucros do negócio da saúde no meio da pandemia, isso seria errado, mas requisitar a capacidade instalada no setor social e no setor privado para que todos os tratamentos prioritários, covid e não covid, continuem no país, parece-me que é uma medida que tem tardado e é uma pena que o Governo ainda não tenha dado nenhum passo nesse sentido", sublinhou.

Sobre o confinamento geral decretado pelo Governo, Catarina Martins, disse "esperar que seja compreendido e que possa ter efeitos concretos".

"Toda a gente tem muitas dúvidas, vivemos um período muito complicado, seguramente as decisões também são difíceis de tomar, tem de haver um apelo para que o que foi decidido seja implementado, nomeadamente, no teletrabalho sempre que é possível, no dever de confinamento geral para evitarem contactos" frisou.

No entender da líder do Bloco de Esquerda, o apelo estende-se igualmente aos "apoios sociais e à economia para que as pessoas aguentem este novo confinamento" geral.

"Há trabalhadores e setores da economia penalizados há muitos meses, dez meses. Se no início tinham alguma reserva que os aguentou, neste momento, já não têm nada e a celeridade é tudo", reforçou.

Quanto às medidas anunciadas na quinta-feira pelo ministro da Economia, a deputada do Bloco de Esquerda entende que o Governo "reconheceu alguns dos erros que o BE chamou a atenção no Orçamento do Estado (OE)" para este ano.

"O Governo reconheceu alguns dos erros que o Bloco de Esquerda chamou a atenção e acaba por anunciar implementar os apoios que quis negar no OE. Julgo que reconhece que tínhamos razão, e ainda bem, mas não percebemos exatamente quando vão ser implementados porque a urgência das pessoas é muita", reforçou.

Questionada sobre possíveis convergências ou entendimentos à esquerda para o próximo OE, Catarina Martins, disse que "uma das maiores criticas que o BE fez e uma das incapacidades de entendimento foi o facto de o Orçamento de Estado para este ano tirar o apoio a pessoas que tinham apoio o ano passado".

"Não podíamos ter um orçamento que retirava apoio social a trabalhadores, numa altura em que a crise continua tão aguda e esse apoio é tão necessário. Ontem [quinta-feira] o que o ministro da Economia veio anunciar é que vai repor esse apoio que o BE sempre defendeu para os trabalhadores que perderam rendimento. Ainda não li como vai funcionar mas registo como um bom sinal que o Governo tenha reconhecido o erro do OE e o esteja a tentar corrigir", concluiu.

HYN // JPS

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