Na primeira reunião magna entre Congressos da liderança de Luís Montenegro, presidente do PSD desde julho, o líder fez uma intervenção inicial de cerca de 45 minutos em que elogiou a coesão interna do partido, face a um Governo "desorientado e sem norte".

"No período em que o PSD está unido, coeso, entrosado entre os seus diversos agentes, um Governo recém-empossado, dispondo de condições políticas excecionais, apresenta-se precisamente ao contrário do PSD: dividido, confuso, cheio de polémicas e contradições dentro de si. Um Governo que, de certo modo, está à deriva", criticou.

Foram pouco mais de dezena e meia os inscritos para falar no Conselho Nacional e registou-se unanimidade na votação das duas alterações a regulamentos internos propostos pela direção.

No regulamento de admissão e transferência de militantes, passa a ser dispensada a apresentação de um comprovativo de morada quer para a inscrição de novos militantes, quer para a reativação da militância.

Deixa ainda de ser obrigatório que os novos militantes no PSD sejam propostos por alguém com mais de seis meses de militância, passando a ser facultativa essa indicação.

Foi igualmente aprovada a proposta da direção que altera o regulamento do Conselho Estratégico Nacional, órgão dinamizado pelo anterior líder Rui Rio, e que vai passar a ter uma dimensão mais reduzida e centrada apenas numa estrutura nacional, deixando de prever secções temáticas descentralizadas.

No ponto de análise da situação política, o tom geral das intervenções foi de apoio à atual direção e a relação com o partido Chega só foi mencionada por "um ou dois conselheiros" e nenhum deputado, segundo relatos feitos à Lusa.

Na semana passada, a indicação, por escrito, do líder parlamentar Joaquim Miranda Sarmento aos deputados do PSD para votarem a favor do candidato do Chega a vice-presidente do parlamento provocou alguma agitação na bancada, mas ninguém assumiu publicamente as divergências.

O tom em que decorreu a reunião -- não ainda de discussão de opções políticas, segundo um dos presentes -- e o facto de ser o primeiro Conselho Nacional de Luís Montenegro foi a justificação dada por alguns críticos deste apelo à votação no candidato do Chega para o tema quase não ter sido abordado.

Na sua intervenção final, o líder do PSD deu aos conselheiros os mesmos argumentos que tem apresentado publicamente para esta opção: o facto de a Constituição da República e o regimento do parlamento preverem que as quatro maiores forças políticas tenham uma vice-presidência da Assembleia.

Luís Montenegro venceu as diretas de 28 de maio com 72,5% dos votos, contra Jorge Moreira da Silva, e no congresso de julho a lista da direção ao Conselho Nacional do PSD obteve maioria absoluta, elegendo 42 dos 70 conselheiros, 60% dos lugares, não tendo existido uma lista que agregasse opositores internos, o que explica também o tom pacífico da reunião.

Ausentes da reunião estiveram os primeiros dois nomes da lista de Montenegro ao Conselho Nacional do PSD, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, que se encontra em Bucareste, e a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque.

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