A dependência energética resulta do rácio entre as importações líquidas de energia e a utilização interna de energia.
De acordo com a "Conta de Fluxos Físicos de Energia 2000-2022" do INE, em 2022 registou-se um ligeiro aumento de 0,1% das exportações de fluxos energéticos, interrompendo a tendência decrescente que se verificava desde 2017 e refletindo a subida das exportações de produtos petrolíferos (+3,5%), nomeadamente, querosene e 'jet fuel' (combustível para aviação, +160,0%), nafta (+47,1%) e fuelóleo (+8,2%).
Em sentido oposto, destaca-se a diminuição das exportações de gasóleo rodoviário (-45,4%).
Entre 2021 e 2022, o INE dá conta de um aumento de 1,6% na utilização de energia pelas famílias, com subidas nas utilizações de calor (+10,5%), gasolina sem biocomponentes (+8,0%) e gasóleo para transportes sem biocomponentes (+5,1%).
Em sentido oposto, observaram-se no setor das famílias reduções na utilização de gás de refinaria, etano e GPL (-8,1%), gás natural sem biocomponentes (-6,9%) e eletricidade (-2,5%).
Já nos ramos de atividade económica, entre 2021 e 2022 assistiu-se a um aumento de 0,9% da utilização de energia, com subidas nas utilizações de gasolina sem biocomponentes (+8,2%), madeira, desperdícios de madeira e outra biomassa sólida, carvão vegetal (+5,8%) e gasóleo para transportes sem biocomponentes (+4,9%).
Pelo contrário, diminuiu a utilização de gás natural sem biocomponentes (-11,1%), de calor (-5,7%) e de biocombustíveis líquidos (-2,8%).
Os dados hoje divulgados pelo INE apontam ainda que a extração de recursos energéticos naturais (recursos endógenos) diminuiu 4,1% em 2022, mas foi, ainda assim, 28,8% superior à média anual do período compreendido entre 2000-2022.
Já a utilização de resíduos para fins energéticos aumentou 1,4% face ao ano anterior, representando um valor 21,2% superior à média da série temporal em análise.
Da última edição da "Conta de Fluxos Físicos de Energia" resulta ainda que, em 2022, houve uma diminuição em 4,5% da intensidade energética da economia portuguesa (rácio entre a utilização interna líquida de energia e o Produto Interno Bruto (PIB) a preços constantes), refletindo um aumento de 2,0% da utilização de energia, inferior à variação positiva de 6,8% do PIB em termos reais.
Segundo destaca o INE, trata-se do quinto ano consecutivo de redução da intensidade energética da economia e do resultado mais baixo desde o ano 2000, o primeiro a que remonta a série.
Em 2021, último ano com informação disponível para a União Europeia (UE), Portugal foi o Estado membro com a terceira mais baixa intensidade energética da economia.
No que se refere à produção de eletricidade com origem renovável, diminuiu 6,1% em 2022, devido sobretudo à menor disponibilidade hídrica (-45,1%).
Ainda assim, a contribuição das energias renováveis para a produção de eletricidade foi de 51,0%, o segundo valor mais elevado do período 2000-2021, só ultrapassado pelo ano de 2021, com 52,9%.
Este resultado traduziu o efeito conjugado da eliminação da utilização de carvão, por encerramento em 2021 das duas últimas centrais de produção de eletricidade a carvão em Portugal, com o aumento de utilização de fontes renováveis, com destaque em 2022 para a energia solar (+38,7%).
Ainda segundo o INE, em 2022 as utilizações energéticas na atividade da fabricação de coque e de produtos petrolíferos refinados aumentaram 5,6% face a 2021, invertendo o decréscimo verificado desde 2017, ano em que se registou o máximo da série em análise.
Para este crescimento foram determinantes os aumentos na produção de querosenes e 'jet fuels' (+74,5%), outros produtos petrolíferos (+9,7%), gasolina (+4,7%) e fuelóleo residual (+4,4%).
PD // EA
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