De acordo com a agência noticiosa nacional iraquiana NINA, esta informação foi confirmada pelo porta-voz da diplomacia iraquiana, Ahmed Jamal, que referiu que o embaixador Saad Mohammed M. Ali foi convocado para consultas sobre o incidente que envolveu os seus dois filhos na cidade portuguesa de Ponte de Sor.

Na quarta-feira passada, um jovem de 15 anos foi agredido em Ponte de Sor, distrito de Portalegre, e sofreu múltiplas fraturas, tendo sido transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde se encontra internado em estado considerado grave.

Os filhos do embaixador iraquianos, suspeitos de agredirem o jovem português, afirmaram, numa entrevista à SIC, que colaboraram com a polícia sem terem invocado imunidade diplomática e que vão permanecer em Portugal até à resolução da questão.

"Não diria que estamos acima da lei, porque respeitamos todos os procedimentos policiais, ainda que não o tivéssemos de fazer, poderíamos ter invocado imunidade diplomática e não teríamos de responder a qualquer interrogatório ou investigação", sublinhou um dos filhos do embaixador iraquiano na entrevista ao canal de Carnaxide, divulgada na segunda-feira à noite.

"Queremos ver o Ruben [nome do jovem agredido] recuperar e pessoalmente a nossa família e a embaixada iraquiana rezamos todos pela sua recuperação. Até que a situação se resolva não vamos a lado nenhum", disse ainda.

Na segunda-feira, o embaixador do Iraque em Portugal foi recebido pelo embaixador chefe do Protocolo de Estado, António Almeida Lima, que, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, tem as competências relativas às imunidades diplomáticas.

Num comunicado conhecido também na segunda-feira, disponível só em árabe, a embaixada do Iraque em Lisboa alegou que os dois filhos do embaixador agiram em legítima defesa, depois de terem sido "severamente espancados" e insultados por seis pessoas em Ponte de Sor.

"Os filhos do embaixador do Iraque em Portugal foram severamente espancados por seis pessoas, que os agrediram e insultaram por serem árabes e muçulmanos", referiu o comunicado, disponível na página da Embaixada iraquiana na Internet.

Também na segunda-feira, o chefe da diplomacia portuguesa admitiu pedir ao Iraque que renuncie à imunidade diplomática dos filhos do embaixador iraquiano em Portugal, caso essa diligência for solicitada pela Justiça.

"Como foi hoje [segunda-feira] dito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ao embaixador iraquiano, se para o apuramento dos factos for preciso pedir ao Iraque que renuncie à imunidade diplomática dos dois filhos do embaixador o Ministério dos Negócios Estrangeiros fará esse pedido e espera a melhor cooperação das autoridades iraquianas", afirmou Augusto Santos Silva, em declarações no Jornal da Noite da SIC.

SCA (MSE/SV/JRS) // JMR

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