Num ofício assinado pelo presidente do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), Ricardo Vianna Barreto, foi determinado que as brigadas "retornem para as suas respetivas atividades e operações a partir da presente data".

A decisão deu-se após o Ibama ter ordenado na quarta-feira a suspensão das ações de combate ao fogo em todo o país por falta de recursos financeiros.

A retirada dos quase 1.400 bombeiros que combatiam os incêndios em diferentes regiões do país, incluindo a Amazónia e o Pantanal, que nos últimos dois anos bateram recordes, foi ordenada pela Direção de Proteção Ambiental.

O presidente do Ibama, Eduardo Bim, disse na quinta-feira ao jornal GloboNews que o órgão enfrenta problemas financeiros que impedem o cumprimento de compromissos.

"Temos contratos há três meses sem pagamento", explicou, acrescentando que os valores pendentes rondam os 19 milhões de reais (2,8 milhões de euros).

Contudo, na manhã de hoje a decisão foi revertida após uma transferência de 16 milhões de reais (2,4 milhões de euros) do Ministério da Economia para o Ministério do Meio Ambiente.

Porém, o valor a ser transferido pela tutela da Economia será ainda maior, com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a declarar que o montante ascenderá a 60 milhões de reais (09 milhões de euros).

"Quero agradecer ao nosso Ministro Paulo Guedes (Economia) que acaba de me informar que deve transferir, ainda hoje, os 60 milhões necessários à continuidade das ações do Ibama no combate às queimadas e ao desmatamento ilegal", escreveu Salles na rede social Twitter.

Em comunicado, o Ibama confirmou que a cedência de verbas permitiu o regresso ao trabalho das brigadas.

"O Ibama informa que, em virtude do remanejamento de 16 milhões de reais em recursos do próprio Ministério do Meio Ambiente, devidamente autorizado pela Economia e da perspetiva de libertação de mais 60 milhões de reais em recursos por parte do Ministério da Economia, determinou o retorno imediato dos brigadistas que atuam no Prevfogo", indicou o instituto em comunicado.

O regresso das brigadas ao terreno acontece no momento em que a Amazónia brasileira já superou este ano o total de incêndios registados em 2019.

De janeiro até esta quinta-feira, aquela que é a maior floresta tropical do mundo concentrou 89.604 focos de queimadas, ultrapassando o número de incêndios registados em todo o ano passado (89.176), segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Em 2019, o número de incêndios na Amazónia brasileira já tinha sido em 30% superior aos de 2018, de acordo com dados de satélite recolhidos pelo Inpe, um órgão governamental.

Por sua vez, o Presidente, Jair Bolsonaro, classificou de "falsas narrativas" as informações sobre os grandes incêndios que devastam a Amazónia e o Pantanal, e afirmou que a floresta tropical "não arde".

"Estamos a ultimar uma viagem Manaus-Boa Vista, onde convidaremos diplomatas de outros países para mostrar naquela curta viagem de uma hora e meia que não verão na nossa floresta amazónica nada a queimar ou sequer um hectare de selva devastada", afirmou na quinta-feira o mandatário, que nega a destruição ambiental no seu país.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

MYMM // JH

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