"O orçamento é tão medíocre, que logo a seguir a ser aprovado começou uma interessante discussão sobre a paternidade do orçamento. Já ninguém reconhece que aquele orçamento é seu", afirmou o líder da IL, durante uma intervenção no Conselho Nacional do partido, na Batalha, Leiria.

Rui Rocha lembrou que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, disse que "este é o orçamento em que o Chega e o PS também são responsáveis". "Tivemos o PS, a dizer logo a seguir: não, isto é o orçamento da AD [Aliança Democrática PSD/CDS]. Aprovámos umas coisas, mas isto é o orçamento da AD. E tivemos o Chega a dizer que é o orçamento do bloco central. Vejam como será medíocre um orçamento que ninguém quer reconhecer como tendo a sua paternidade", reforçou Rui Rocha.

Segundo o presidente da IL, "2.100 propostas de alteração [OE] depois, o país não vai mudar, porque o orçamento de base já não era um bom orçamento, era um orçamento de continuidade, que poderia ter sido apresentado pelo PS, mais agora com medidas que o próprio PS, com a ajuda do Chega, aprovou neste processo de estabilidade".

Alegando que este orçamento não contribui para a "mudança de que o país precisava", Rui Rocha criticou que se continue a adiar a discussão sobre a reforma do Estado.

"A reforma do Estado é a nossa bandeira para os próximos anos e com a mesma intensidade que discutimos o crescimento económico, a descida de impostos, mais habitação, porque o problema está do lado da oferta, um novo modelo de saúde, vamos exigir que o país discuta e avance para uma reforma do Estado", mencionou.

Rui Rocha defendeu ainda o emagrecimento do número de funcionários públicos. "Temos de ter exigência e não podemos assistir a um aumento de quase 100 mil funcionários públicos desde 2015 e olhar para a degradação dos serviços", onde "os portugueses têm cada vez menos acesso a serviços essenciais e achar que está tudo bem".

Além disso, a inteligência artificial e a digitalização já chegaram "menos ao Estado". "Temos a simplificação e a burocracia a chegar, menos ao Estado. Portanto, a questão do número de funcionários públicos é também muito importante, porque precisamos de libertar recursos. Não podemos mexer naquilo que é a proteção social das pessoas, temos de mexer na outra variável da despesa rígida do Estado", acrescentou.

Para o presidente da IL, não é possível "ter um Estado que consome recursos a mais" e "que suga a energia das famílias e da economia", pelo que propõe a redução de 50 mil funcionários públicos até ao fim da legislatura, "focada nas áreas administrativas e burocráticas do Estado e nas chefias, que estão muitas vezes duplicadas".

Com esta diminuição de funcionários públicos, Rui Rocha acredita que se poupariam 1.500 a 2 mil milhões de euros "para libertar as famílias e as empresas" e "também para pagar melhor aos funcionários do Estado que merecem ser compensados".

EYC // JPS

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