"Os bancos angolanos concederam crédito em moeda estrangeira, e a moeda local, o kwanza, está a depreciar relativamente a moedas estrangeiras, como o dólar. Isto pode potencialmente colocar os devedores que pediram crédito sob pressão, especialmente os devedores que estão a receber em kwanzas", explicou à agência Lusa.

Desde o início do ano, o kwanza depreciou-se quase 43%, para os atuais cerca de 290 kwanzas/dólar, na sequência da entrada em vigor, a 09 de janeiro, de um novo regime cambial, com a taxa de câmbio flutuante. No início do ano, a taxa oficial estava fixada nos 166 kwanzas/dólar.

"Se uma empresa recebe em kwanzas, mas pediu crédito em dólares, precisa de mais kwanzas para pagar a dívida quando o kwanza deprecia relativamente ao dólar. Por isso, a taxa de câmbio teve impacto na qualidade dos ativos dos bancos", referiu o vice-presidente e diretor executivo do Financial Institutions Group, da Moody's.

Majekodunmi estima que 27% do crédito concedido por bancos angolanos seja indexado em dólar.

A situação é agravada pelo facto de "muitos bancos internacionais, em particular norte-americanos, já não estarem disponíveis para providenciar serviços bancários correspondentes em dólares aos bancos angolanos".

Mesmo assim, o analista das Moody's considera que a liberalização do mercado cambial - com a taxa de câmbio formada em função das ofertas dos bancos comerciais nos leilões de divisas - teve um efeito positivo, tal como aconteceu no Egito ou Nigéria.

"Se a moeda local puder ser negociada de forma livre relativamente a moedas estrangeiras, os agentes do mercado podem negociar ao valor que consideram adequado, restaurando a confiança nos mercados cambiais", vincou.

Majekodunmi considera que "a redução da 'dolarização' do sistema financeiro angolano e a introdução de regulamentação de acordo com as normas internacionais, nomeadamente de combate à corrupção, pode ajudar os bancos internacionais a confiar de novo no sistema bancário angolano, "o que é positivo".

BM // PVJ

Lusa/fim

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