A declaração faz parte de um depoimento aos procuradores brasileiros que fazem parte da Operação Lava Jato, num acordo de colaboração do empresário com a Justiça, e que foi divulgado hoje.

O dono da JBS revelou que o dinheiro era gerido pelo ex-ministro das Finanças Guido Mantega, que teria pedido para o empresário abrir as contas, uma para Lula da Silva e outra para Dilma Rousseff.

O ex-ministro também o orientou a gastar o saldo destas contas em campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores (PT) e outras formações partidárias aliadas em 2014.

Joesley Batista contou que Guido Mantega lhe disse que tanto Lula da Silva quanto Dilma Rousseff sabiam das contas no exterior, mantidas com dinheiro desviado dos negócios firmados pela JBS com o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES) e com fundos de pensões.

O empresário acrescentou que chegou a procurar Dilma Rousseff para contar que o dinheiro estava a acabar, e que mesmo assim ela o autorizou a fazer uma transferência no valor de 30 milhões de reais (8,2 milhões de euros) para a campanha do atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel.

No depoimento, Joesley Batista alegou que não conhecia Lula da Silva muito bem, mas destacou que informou o ex-Presidente das doações numa reunião.

"Eu fui lá no Lula [da Silva] e disse: Nós estamos fazendo esta doação, somos o maior doador e essa conta nossa já passou de 300 milhões de reais [82 milhões de euros], o senhor está vendo a exposição que vai ser isto", relatou.

"O Presente Lula [da Silva] ficou olhando para mim e não falou nada, não falou nem sim nem não e ficou um silêncio na sala", completou Joesley Batista.

Os advogados de Lula da Silva enviaram uma nota à imprensa em que alegam que "as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula [da Silva] não decorrem de qualquer contacto com o ex-Presidente, mas sim de supostos diálogos com terceiros", que não foram comprovados.

Depois da divulgação do depoimento, a assessoria de imprensa de Dilma Rousseff divulgou uma nota afirmando que a ex-Presidente "jamais tratou ou solicitou de qualquer empresário, nem de terceiros doações, pagamentos ou financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014, fosse para si ou quaisquer outros candidatos".

O texto conclui apontando que "Dilma Rousseff jamais teve contas no exterior. Nunca autorizou, em seu nome ou de terceiros, a abertura de empresas em paraísos fiscais".

CYR // EL

Lusa/Fim

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