Em Luanda desde quarta-feira, onde participou na segunda reunião do Observatório de Investimento Luso-Angolano, João Neves, num balanço à visita, destacou ser esse um ponto "muito importante" na evolução do empresariado português em Angola, mas desde que estejam criadas boas condições no ambiente de negócios.

"As empresas [portuguesas hoje visitadas em Luanda] transmitiram-me aquilo que me parece mais relevante do ponto de vista da mudança do papel de Angola na África Austral. As empresas que estão instaladas em Angola há duas dezenas de anos têm uma visão que já ultrapassa o mercado angolano", sublinhou João Neves.

"Se nós tivermos um bom ambiente de negócios em Angola, podemos também ajudar Angola na exportação de produtos para outros mercados limítrofes. Isto representa também uma enorme mudança em relação ao passado e no próprio comportamento das empresas portuguesas face a este mercado", acrescentou.

João Neves sugeriu que "as empresas mais conhecedoras e importantes" podem funcionar "como uma espécie de ponta-de-lança em iniciativas que outros, eventualmente, ainda não tenham condições de o fazer".

No entanto, tudo passará pela melhoria do ambiente de negócios em Angola, em que o Governo angolano "está a fazer um esforço enorme" nesse sentido, facto reconhecido pelas empresas portuguesas, que "compreendem" e "anseiam" pela continuação das reformas, disse.

Segundo o secretário de Estado da Economia português, a prioridade da cooperação de Portugal com Angola no setor económico passa justamente por apoiar as autoridades angolanas a aproximarem-se das novas tecnologias, ao licenciamento industrial e de empresas, e à definição de regras de comportamento da relação entre o Estado e os empresários.

"Isso é fundamental para que as empresas sintam confiança nas instituições. São áreas muito centradas neste ambiente de negócios", acentuou, afirmando aguardar que, durante a visita de Estado a Angola do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, de 05 a 09 de março, estes setores possam ser alvo da assinatura de protocolos de cooperação.

"As autoridades angolanas têm demonstrado muito interesse em trabalhar com as nossas instituições, nomeadamente com o IAPMEI e AICEP, na capacitação das instituições que eles próprios têm no terreno, no sentido de facilitar os negócios às empresas e vice-versa. Os protocolos são sempre o pontapé de saída e julgamos que temos todas as condições para que estes protocolos não sejam meras intenções", sublinhou.

Segundo João Neves, o Ministério da Economia português lembrou a Angola que tem uma "grande experiência" em torno de outros aspetos ligados à economia, como nas soluções de crédito e de garantia de crédito para o investimento, para capital de risco e para as 'start-up'.

"É também uma área que Angola gostaria de construir de forma diferente em relação ao passado e nós estamos abertos para colaborar", referiu.

Quanto às preocupações manifestadas pelo conjunto de empresários com quem se reuniu, João Neves salientou que, "curiosamente", não foram muito expressivas, para além do que é a compreensão de uma situação económica em geral difícil, pois conhecem o limite de acesso a divisas e isso é um aspeto comum a todos, sem que seja novidade.

"Os empresários reconhecem o esforço que as autoridades angolanas têm tido, quer na resolução de alguns problemas concretos, quer em melhorias no processo de desalfandegamento de mercadorias, reconhecem que há alterações que são positivas. Mas há ainda muito a melhorar para que o ambiente de negócios seja mais fácil, para que hajam investimentos mais fortes como Angola deseja", admitiu.

Segundo João Neves, há sintonia total dos governos angolano e português quanto à necessidade de "facilitar a vida das empresas", objetivos que o Observatório do Investimento Luso-Angolano está a alcançar, quer na melhoria de condições para o investimento português em Angola, quer o de angolanos em Portugal.

JSD // SR

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