Numa carta dirigida esta semana a Maria João Rodrigues, Henri Naillet, presidente da Fundação Jean Jaurès -- um dos principais "grupos de reflexão" ('think-tanks') franceses de esquerda e uma das 47 fundações e organizações nacionais que integram a FEPS, o principal 'think tank' socialista em Bruxelas --, critica o processo de escolha do futuro secretário-geral.

Henri Naillet considera que o processo está "manchado de fragilidades", deixando entender "uma escolha predeterminada", e solicita por isso a sua suspensão.

Em declarações à Lusa, Maria João Rodrigues assegura que todo o processo é "transparente e profissional", em respeito das "regras discutidas no 'bureau' (secretariado) da FEPS", na presença de um representante da Jean Jaurès, e publicadas no sítio de Internet da FEPS, e atribui a razão do "mal-estar" da fundação francesa ao facto de ter visto "o seu candidato ser preterido na seleção" de uma 'short-list' de três candidatos finalistas à sucessão de Ernst Stetter, secretário-geral da FEPS desde 2008.

Na carta dirigida à presidente da FEPS, datada de 18 de fevereiro, e à qual a Lusa teve acesso, Nallet -- antigo ministro da Agricultura e da Justiça de França -- começa por considerar que a reunião, organizada por Maria João Rodrigues, em 15 de fevereiro, em Bruxelas, "com vista a selecionar os três melhores candidatos ao cargo de secretário-geral da FEPS", está, na sua opinião, "manchada de várias fragilidades, algumas das quais podem constituir irregularidades".

Segundo o presidente da Fundação Jean Jaurès, o comité de seleção que Maria João Rodrigues compôs estava "manifestamente incompleto", e foi apresentada uma lista de dez candidatos "cuja composição foi estabelecida pela presidente, em função de critérios não verificados, nem pelo 'bureau', nem pelo suposto comité de seleção".

Argumentando que tem a sensação de estar perante "uma escolha pré-determinada", o antigo ministro francês defende que "seria útil que a FEPS, em particular neste período tão difícil" para a família socialista na Europa, substituísse o atual processo de escolha do seu secretário-geral por um "mais aberto e mais democrático", com o objetivo de "mostrar que, num período difícil, a FEPS aplica a si própria os princípios democráticos e transparentes que exige às instituições comunitárias".

Num esclarecimento escrito e entretanto divulgado, Maria João Rodrigues desmente "categoricamente a existência de qualquer irregularidade no processo de recrutamento do novo secretário geral da FEPS".

"Este processo de recrutamento - incluindo o perfil desejado para a posição, as condições a oferecer, a sequência das várias fases do dito processo, a composição do painel de seleção, bem como o calendário exato - foi discutido e validado pelo Bureau da FEPS nas suas reuniões de 29 de junho e 14 de setembro de 2018, e através de um procedimento escrito por correio eletrónico que decorreu entre os dias 10 e 19 de dezembro", sublinha.

Maria João Rodrigues realça ainda que "a Fundação Jean Jaurès, cujo presidente, Henri Nallet, critica agora o processo, está representada no Bureau da FEPS (onde este foi substituído por Jean Marc Ayrault) e no painel de seleção (pelo próprio Henri Nallet), e foi, em todas as fases, parte integrante do processo de decisão e de validação do mesmo".

"De acordo com os Estatutos da FEPS (Artigo 16), que sempre foram respeitados, o novo secretário-geral da FEPS será aprovado e nomeado pelo Bureau, com base numa proposta da presidência", conclui, excluindo assim a reabertura do processo.

ACC // ZO

Lusa/fim

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