"Os estudos e trabalhos de investigação em curso nas diferentes disciplinas relacionadas com a língua cabo-verdiana têm trazido contribuições importantes, mas seria desejável que o processo avançasse para que, num espaço de tempo razoável, pudéssemos ter a possibilidade de, também, escrevê-la de acordo com normas adequadas", disse o chefe de Estado cabo-verdiano.

Jorge Carlos Fonseca fez a recomendação numa mensagem alusiva ao Dia Internacional da Língua Materna, que se assinala hoje, sendo que no caso de Cabo Verde a língua materna é o crioulo.

O chefe de Estado sublinhou que o crioulo é um dos principais traços de união entre os cabo-verdianos e disse que a sua promoção, "longe de contribuir para a secundarização da língua portuguesa", permitirá uma convivência mais adequada entre ambas.

Lembrando a presença do crioulo na música, literatura e no dia a dia, Jorge Carlos Fonseca entendeu que é preciso que sejam definidas "regras claras" para a sua escrita, considerando que isso permitirá a sua utilização no sistema de ensino, além das experiências-piloto no país.

O mais alto magistrado da Nação cabo-verdiana lembrou que um dos mais importantes veículos da língua materna, a morna, se candidata património imaterial da UNESCO, referindo, por isso, que esta celebração adquire importância particular.

"Acreditamos que os trabalhos realizados com vista ao reconhecimento da Morna como Património Imaterial da Humanidade, as investigações sobre a língua materna em curso e o possível desfecho positivo dessa candidatura, constituem incentivos muito importantes para a afirmação da língua cabo-verdiana", sustentou Fonseca.

O Presidente da República sublinhou ainda as "importantíssimas contribuições" para o crioulo dadas por Eugénio Tavares, B.Leza, Orlando Pantera ou Sérgio Frusoni.

O Dia Internacional da Língua Materna foi instituído pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1999.

A data é comemorada em todos os países membros da UNESCO, com o objetivo de salvaguardar, promover as línguas faladas pelos povos em todo o mundo.

Para assinalar o Dia Internacional da Língua Materna, a linguista e investigadora do Instituto do Património Cultural (IPC) cabo-verdiano vai lançar um livro de bolso para ajudar quem fala crioulo mas desconhece as suas regras gramaticais.

"Auto da língua cabo-verdiana" é o título da obra que é considerada pioneira no arquipélago, que foi feita a pensar em quem já fala crioulo e que o pretende fazer corretamente.

RYPE (SMM) // VM

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