"Nós assinámos um acordo, ninguém foi comprado. Eu tenho a minha consciência no lugar", disse o presidente da Renamo, citado hoje pelo jornal O País.

Em causa está a contestação do grupo que se autoproclama Junta Militar da Renamo e que acusa o atual líder do partido de estar ao serviço do Governo da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), violando as orientações e o espírito das negociações iniciadas pelo líder histórico do partido opositor, Afonso Dhlakama, falecido em 2018.

O líder da Renamo, que falava em comício no distrito de Memba, na província de Nampula, assegurou que o partido vai cumprir com o acordo assinado com o Governo, refutando as acusações do grupo que contesta sua liderança.

"Para a implementação de qualquer atividade que tenha em vista ultrapassar as dificuldades que o país enfrenta é necessário um ambiente de paz, unidade e reconciliação. Com o acordo assinado, estão efetivamente criadas estas condições", afirmou num outro comício na cidade de Nacala, também em Nampula.

No sábado, a autoproclamada Junta Militar da Renamo considerou nulo o Acordo de Paz e Reconciliação assinado entre o Governo moçambicano e o principal partido de oposição no país, reiterando a sua contestação à liderança daquela força política de oposição.

"A Junta Militar da Renamo determina e manda publicar oficialmente a partir de hoje [sábado], a destituição imediata do atual presidente da Renamo, Ossufo Momade, e anuncia a nulidade de todos os acordos que Momade assinou com o Governo da Frelimo", referiu o grupo em nota distribuída durante a reunião, que decorre nas matas da Gorongosa, no centro de Moçambique, e visa "para eleger um novo líder".

Na nota, o grupo, que se descreve como uma estrutura militar da Renamo "entrincheirada nas matas" com 11 unidades militares provinciais, reitera que não vai entregar as armas no quadro do acordo de paz assinado com o Governo sob liderança de Ossufo Momade, acrescentando que vai assumir oficialmente todos os poderes de decisão e administração ligados à Desmilitarização, Desarmamento e Reintegração (DDR) da Renamo.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e Ossufo Momade, assinaram, em 06 de agosto, em Maputo, o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional.

O Governo moçambicano e a Renamo já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais.

Em 2014, as duas partes assinaram um outro acordo de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal.

EYAC // SB

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