"Até hoje, os Estados Unidos subordinaram praticamente todo o Ocidente, mobilizando-o para transformar a Ucrânia num instrumento de guerra contra a Rússia, assim como [o líder da Alemanha nazi, Adolf] Hitler armou a maioria dos países europeus para atacar a União Soviética", disse Lavrov no Parlamento russo, antes da ratificação dos tratados de anexação de quatro regiões ucranianas.

Lavrov acusou os EUA de hipocrisia por denunciar que a Rússia lançou uma "agressão não provocada contra a Ucrânia", lembrando que Washington também usou argumentos inventados para invadir o Haiti ou a República Dominicana, ocupar o Panamá e iniciar guerras no Vietname, Iraque e Líbia.

"As resoluções da Assembleia Geral da ONU, que condenam essas e outras ações agressivas dos EUA, os americanos simplesmente ignoraram-nas. Entraram-lhes por um ouvido e saíram pelo outro", denunciou o chefe da diplomacia russa.

Lavrov disse ainda que, ao contrário dos EUA e da NATO, que bombardearam a Jugoslávia, destruíram o Iraque e trouxeram o caos à Líbia, Moscovo não reage "a ameaças feitas em países distantes".

"Defendemos as nossas fronteiras, a nossa pátria, todo o nosso povo de um autêntico genocídio organizado pelos descendentes e seguidores dos seguidores de nazis que agora servem aos seus senhores do outro lado do oceano", disse Lavrov, referindo-se a Kiev.

Lavrov falava perante a Duma, câmara baixa do parlamento russo, que ratificou hoje os tratados de anexação das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk e das regiões de Kherson e Zaporijia, todas em território ucraniano, assinados na sexta-feira pelo Presidente Vladimir Putin.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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