"Vai ocorrer na semana que vem, creio que vai ser na terça-feira, estão todos os trâmites preparados, só depende de que as autoridades de Moçambique deem a sua autorização final, mas o ministro Augusto Santos Silva está preparado para ir, a missão está preparada", disse Josep Borrell numa entrevista à Lusa a divulgar na íntegra no sábado.

A missão, anunciada há exatamente um mês pelo chefe da diplomacia europeia, vai ser liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Josep Borrel precisou que Augusto Santos Silva viaja acompanhado da diretora do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) para África, a diplomata portuguesa Rita Laranjinha.

"De momento vão a Maputo e espera-se que possam ir a Cabo Delgado", disse, acrescentando que tal "vai depender das condições de segurança da zona".

"Vamos ver de que maneira podemos ajudar mais o governo de Moçambique a fazer frente a um problema que não é só de Moçambique, que vem da Somália, que afeta uma região que tinha estado bastante isolada e onde podemos ter um fenómeno de extensão do terrorismo islamista", explicou.

O Alto Representante frisou que quaisquer iniciativas da União Europeia só podem ser desenvolvidas depois de obtido "o acordo das autoridades de Moçambique, [que] é um país soberano", mas apontou o treino e equipamento militar, a ajuda humanitária às populações deslocadas e, eventualmente, missões de vigilância costeira.

"Teremos de, quiçá, pensar em missões de vigilância costeira, porque a pirataria na costa da Somália, à medida que reforçamos a nossa vigilância a norte, desloca-se para sul. Mas isso requer o acordo do governo de Moçambique, isso é parte fundamental da ambição do [ministro] Augusto" Santos Silva, acrescentou.

Josep Borrell anunciou a 15 de dezembro que pediu a Santos Silva que se deslocasse a Moçambique como seu enviado para abordar com as autoridades locais a situação em Cabo Delgado, palco da violência armada atribuída a grupos extremistas islâmicos.

A escolha de Santos Silva acontece numa altura em que Portugal assumiu a presidência do Conselho da UE, em 01 de janeiro, e que se estende até 30 de junho de 2021.

A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico desde 2019.

MDR (ACC/CFF) // PA

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