"A situação em Moçambique e a nossa incapacidade como SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] em acordar o tipo de apoio conjunto que poderemos providenciar, continua a ser um enigma muito preocupante para nós, o Governo sul-africano", declarou Naledi Pandor.

A chefe da diplomacia sul-africana sublinhou que Pretória "encetou todos os esforços possíveis junto do Governo de Moçambique e para delinear em conjunto uma agenda de apoio", mas até ao momento ainda não foi possível "concretizar exatamente a natureza do apoio" que deverá ser dado ao Governo moçambicano, "seja através da Polícia, dos serviços de informação, ou mesmo através das Forças Armadas".

A ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul explicou ainda que a SADC vai realizar uma cimeira especial sobre "as incursões que temos acompanhado naquele país e as várias ações terroristas", na província de Cabo Delgado, onde a violência armada está a provocar uma crise humanitária com cerca de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas.

"Estamos muito preocupados com a situação humanitária em Cabo Delgado, e recebemos um pedido da Cruz Vermelha em Moçambique para a África do Sul enviar ajuda humanitária de emergência, estamos a considerar os parcos meios de que dispomos e espero que através do Fundo de Renascença Africana possamos prestar alguma ajuda", explicou a ministra sul-africana.

Naledi Pandor falava hoje numa videoconferência promovida pelo instituto de política internacional britânico Chatham House, com sede em Londres, sobre o papel regional e global da África do Sul.

Em dezembro de 2020, a África do Sul concluiu o terceiro mandato como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e em fevereiro deste ano termina a presidência de 12 meses da União Africana.

A violência armada na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

Algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico desde 2019.

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