"Estamos cientes da dureza" das medidas de contenção do novo coronavírus, que "fizeram rever em baixa o crescimento global" economia moçambicana e que "implicaram uma contração da mesma, que se traduzirá numa taxa negativa de 3,3%" este ano, afirmou Filipe Nyusi.

A previsão foi lançada pelo chefe de Estado durante uma comunicação à nação em que prorrogou por mais 30 dias o estado de emergência no país.

Filipe Nyusi referiu que as medidas previstas no estado de emergência pretendem responder ao desafio de conter o vírus e minimizar os danos económicos e sociais que um confinamento obrigatório provocaria.

"Temos ainda presente que este pacote de medidas tem gerado um redimensionamento de setores, incluindo uma redução de efetivos laborais, gerando, consequentemente, um impacto negativo sobre o consumo e incerteza a médio e longo prazos", acrescentou.

O chefe de Estado disse que os sacrifícios "não têm sido em vão", admitindo que tem havido algumas vitórias no combate à pandemia, mas o aumento do número de infeções pelo novo coronavírus e o seu alastramento a todas as províncias indiciam que o país passou a ter transmissão comunitária.

O cumprimento das restrições impostas durante o estado de emergência nas próximas semanas será determinante para controlar a propagação da covid-19, achatar a curva de infeções e evitar restrições mais severas, como um confinamento obrigatório, concluiu.

O Governo e banco central têm anunciado medidas de âmbito fiscal, monetário e aduaneiro para mitigar a situação, além de outras, como um desconto geral na tarifa de energia de 10% enquanto durar o estado de emergência - desconto que chega a 50% no caso da tarifa social.

Moçambique registou hoje o segundo óbito por covid-19 e chegou ao total acumulado de 233 casos, com 82 recuperados.

O estado de emergência foi decretado em 01 de abril e prorrogado pela primeira vez no final de abril, até 30 de maio.

O país vive com várias restrições: todas as escolas estão encerradas, espaços de diversão e lazer também estão fechados, estão proibidos todo o tipo de eventos e de aglomerações, recomendando-se à população que fique em casa, se não tiver motivos laborais ou outros essenciais para tratar.

Durante o mesmo período, há limitação de lotação nos transportes coletivos, é obrigatório o uso de máscaras na via pública, a emissão de vistos para entrar no país está suspensa, o espaço aéreo fechou e o controlo fronteiriço foi reforçado.

LFO // SR

Lusa/Fim