Numa intervenção na I Cimeira Ibérica da Juventude -- organizada pela Juventude Social Democrata (JSD) e pelas 'Nuevas Generaciones' (NNGG), a organização jovem do Partido Popular espanhol --, Luís Montenegro recorreu à ironia para dizer que, no debate do Orçamento do Estado, "foi comovente" ver o primeiro-ministro e o Governo falarem do imposto que será aplicado sobre os lucros extraordinários de certas empresas, depois de se ter afastado essa possibilidade num primeiro momento.

"Perante algumas notícias de que havia empresas a terem lucros de dimensão elevada, o primeiro-ministro apressou-se a dizer que iria criar uma tributação sobre os lucros chamados extraordinários. Mas, minhas amigas e meus amigos, a empresa que em Portugal teve mais lucros extraordinários foi o PS, o seu Governo e a administração central", criticou.

Luís Montenegro disse concordar que tem de haver justiça social, mas anteviu que essa nova taxa sobre as empresas vá ser "uma gota no oceano de impostos" que considera serem cobrados a mais a famílias, empresas e instituições.

"Aquela entidade que teve lucros extraordinários, exorbitantes, excedentários - para não dizer como muitos têm dito obscenos - foi o Estado socialista, o Estado que quis ganhar dinheiro à custa do efeito da inflação na economia", insistiu, dizendo que o PSD já tinha alertado para essa possibilidade em abril.

O líder do PSD referiu que Costa até "sacou o coelho da cartola" de taxar também as empresas de distribuição, não resistindo a um aparte: "Ele anda a querer falar muito do coelho, está certo", numa referência implícita às muitas vezes que o nome do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi citado no debate orçamental.

"Era bom que o dr. Antonio Costa dissesse no parlamento: 'eu cobrador de impostos me confesso, cobrei muito mais do que o muito que já me propunha cobrar, ou devolvo com equidade e justiça ou então pelo menos tenho a decência de diminuir a carga fiscal para o próximo ano'. Mas não é isso que vai acontecer e este Orçamento merece um chumbo também por isso, porque há uma imoralidade na cobrança de impostos", acusou Montenegro.

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Lusa/fim