O jornal Público noticiou hoje que, segundo a versão preliminar do decreto-lei da execução orçamental, o Governo quer acabar com o corte de 5% que está a ser aplicado aos salários dos membros dos gabinetes dos políticos, uma eliminação progressiva que começa em janeiro de 2019, e que só estará totalmente terminada no final desse ano.

Em declarações à agência Lusa, o líder da bancada parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, começou por ressalvar que se trata ainda de uma intenção e que falta verificar se será materializada em decreto-lei, mas considerou que, a confirmar-se, "esta prioridade está claramente errada" e por isso é "clara e inequívoca a estranheza" dos bloquistas em relação à escolha do Governo.

"Consideramos que só faz sentido chegarmos à discussão sobre a alteração dos cortes dos gabinetes ministeriais depois de eliminarmos, por exemplo, entre outros, os cortes no tempo de duração do subsídio de desemprego, respondendo à necessidade de quem está numa situação de enorme fragilidade", defendeu.

Pedro Filipe Soares disse estranhar esta prioridade para a eliminação dos cortes, recordando o caminho que já vem sendo travado desde 2015, com a eliminação de cortes nos salários da administração pública, cortes nos pagamentos de horas extraordinárias e cortes no pagamento do subsídio de desemprego.

O líder parlamentar do BE criticou, por isso, que "se hierarquize prioritariamente a eliminação de cortes nos gabinetes de políticos" e não "de outros cortes que foram feitos no exato momento em que estes foram criados, como o corte na duração do subsídio de desemprego, que afeta milhares de pessoas".

Questionado pela agência Lusa sobre se o partido tinha tido conhecimento prévio desta intenção do Governo, Pedro Filipe Soares foi perentório: "nós não tivemos essa informação previamente".

Esta questão já dividiu hoje o presidente do PSD e o líder da bancada parlamentar do PSD, Fernando Negrão, que disse hoje ver "com preocupação" a pretensão do Governo de pôr fim aos cortes salariais de 5% nos gabinetes dos políticos, depois de Rui Rio ter manifestado a sua concordância de princípio com a medida.

Já o líder parlamentar do CDS-PP, Nuno Magalhães, considerou contraditório, imoral e irresponsável que o Governo ponha fim a estes cortes, enquanto o PS defendeu o fim gradual dos cortes salariais aplicados aos membros de gabinetes políticos, considerando que a reposição de vencimentos deve abranger todos os trabalhadores na esfera do setor público, demarcando-se de perspetivas populistas.

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