A investigadora Isabel Domingos, do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, disse à agência Lusa que as quantidades apreendidas este ano correspondem a mais de um milhão de enguias minúsculas, que acabam por ser devolvidas aos seus habitats.

Cada angula (enguia bebé) pesa em média 0,30 gramas, "o que significa que um quilo corresponde a cerca de 3.300 indivíduos", ou talvez um pouco mais, calculou a especialista.

"As apreensões ocorrem com mais frequência no rio Mondego e no rio Tejo", informou uma fonte da Divisão de Comunicação e Relações Públicas (DCRP) da GNR, indicando que este ano, até 27 de novembro, contabilizou 305,16 quilos de meixão apreendido na área da sua responsabilidade.

Ao todo, até sexta-feira, a Guarda Nacional Republicana, através da Secção de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) e da Unidade de Controlo Costeiro (UCC), apreendeu, desde 2011, mais de uma tonelada (1.021,28 quilos) de larvas de enguia, com a seguinte distribuição: 308,48 quilos (2011), 178,19 (2012), 184,63 (2013), 44,82 (2014) e 305,16 (2015).

O ano que está a terminar também regista até agora um dos mais elevados números de artes de pesca, designadamente redes, confiscadas: 323, contra 329 em 2011, 47 em 2012, 460 em 2013, 89 em 2014, num total de 1.248.

Desde 01 de janeiro de 2011, a DCRP da GNR contabilizou 214 crimes relacionados com a apanha ilegal de meixão, tendo sido levantados 328 autos de contraordenação.

No entanto, das 58 detenções efetuadas no mesmo período, apenas cinco são relativas a este ano.

Espanha, onde a iguaria é muito apreciada à mesa e tem, por isso, grande valor económico, é um dos principais destinos do meixão pescado ilegalmente em Portugal. No entanto, nem todo o meixão fica em Espanha.

"A nível internacional, são conhecidas redes que operam com um grau de organização considerável", admite a GNR.

Já a nível local e regional, os casos conhecidos, "usualmente com pouca organização", servem geralmente "apenas para obter maiores proveitos económicos" dos pescadores furtivos.

"Existem redes com ligações principalmente a Espanha, o principal mercado de escoamento", afirma a GNR, estimando que o preço por quilo de meixão "na origem pode rondar os 300 euros e no destino cerca de 500 euros".

Maioritariamente, é "escoado para países com maior poder económico" do norte da Europa e da Ásia, além de Espanha, "para ser consumido como iguaria".

Para combater a captura e comercialização ilegal das larvas de enguia, a GNR mantém alguma cooperação internacional, "em especial com Espanha", através do Servicio de Protección de la Naturaleza (SEPRONA) da Guardia Civil.

O rio Minho "é o único local onde é permitida" a captura do meixão, mas "com alguns condicionalismos", sendo a foz dos restantes rios portugueses, "em especial a norte do Tejo", os locais "com registo de maior captura" ilegal.

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