No debate da moção de censura, na Assembleia da República, em Lisboa, comunistas e ecologistas atribuíram a opção de os centristas apresentarem uma moção de censura pela segunda vez nesta legislatura à disputa política por espaço com o PSD.

"Isto ficou mais evidente com o pedido desculpas de Assunção Cristas, se calhar não queria bem apresentá-la [a moção de censura]", afirmou o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, acrescentando tratar-se de uma "encenação".

Para o deputado comunista "em tudo aquilo em que há avanço está a marca, a proposta e a iniciativa do PCP" e, "em tudo o que é problema por resolver", encontra-se "o apoio de PSD e CDS para que as coisas não avancem".

João Oliveira apontou como exemplos as iniciativas legislativas rejeitadas por PS, PSD e CDS-PP sobre o aumento para 650 euros do salário mínimo para os setores público e privado, a reforma sem penalizações para quem descontou 40 anos, a eliminação das propinas e a revogação de lei dos despejos.

"PSD e CDS deram ao PS o apoio que lhe faltava para rejeitar as propostas do PCP. Também sabemos que o objetivo do CDS com esta moção de censura é a disputa à direita, é ganhar força para andar para trás, mas o que é preciso é avançar", disse.

O líder parlamentar do PCP defendeu ainda que "podia ter havido mais investimento publico", questionando o primeiro-ministro sobre se o Governo vai continuar a convergir com PSD e CDS-PP em questões como a saúde, a legislação laboral ou o controlo público dos CTT

A líder parlamentar do PEV, Heloísa Apolónia, afirmou que a presidente dos centristas, Assunção Cristas, "matou" a moção de censura "logo no início da sua intervenção", ao dizer que serviria para mero posicionamento político, e que o intuito do CDS-PP seria fazer um "xeque ao Rio" [presidente do PSD, Rui Rio] e "lucrar" com eleições antecipadas porque "o PSD está quebrado".

"Se não se tivesse colado [o PS e o Governo], tantas vezes, ao PSD e ao CDS, o país teria melhorado. Se o PSD e o CDS não tivessem dado tantas vezes a mão, o país estaria melhor", avaliou a deputada ecologista, recordando "o massacre da governação PSD/CDS", com salários e pensões cortados, o aumento de impostos, a escalada do desemprego e da pobreza.

Heloísa Apolónia criticou ainda o executivo socialista pela obsessão com o défice, "um Governo que procurou fazer bonito para Bruxelas", em detrimento de melhores condições de vida para as pessoas "cá dentro".

HPG // VAM

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